Do jornal O Dever de ontem, mais uma crónica do nosso vizinho José Augusto Soares, desta vez sobre a recuperação do Forte de Santa Catarina, obra da responsabilidade da Câmara das Lajes do Pico.
Então, com a devida vénia a autor e jornal, aqui vai o
MUITO BEM!
«Há mais de um ano escrevi neste jornal uma crónica bastante “ácida” relativa ao estado de ruína em que estava ao Forte de Santa Catarina. E confesso que a degradação evidenciada era tal, que mesmo os muito crédulos julgariam possível outro destino que não fosse o da derrocada.
Por uma questão de coerência, devo dar igual destaque ao que me foi dado presenciar este ano, quando visitei o mesmo local. Que nem parecia o mesmo.
Gostei do que vi. Muito.
Não se desvirtuou o espírito ali reinante, a madeira é um material que sempre me agradou, e acima de tudo, o que me parece fundamental é que a restauração está feita, não se deixou desaparecer o monumento.
Pode-se concordar ou não com a solução, mas ninguém poderá escamotear este facto. O Forte foi recuperado, deixou de ser aquele local quase inóspito e de difícil acesso, respeitou-se a História, fez-se o que se impunha fazer. Das palavras bonitas passou-se aos actos, atitude sempre louvável nos tempos que correm, em que muitos edifícios idênticos são votados ao abandono puro e simples, para tristeza de uns quantos e futuro proveito de bem menos. Adiante.
Entre outras, preencheu-se uma lacuna nas Lajes que vinha assinalando desde sempre, que consiste na venda, num mesmo local, de produtos genuinamente picarotos, desde a literatura, música, produtos da gastronomia local, e tudo isto bem exposto, com uma decoração sóbria e por isso bonita, espaçosa e confortável. Julgo que não faltará a procura para estes produtos, justificando-se a promoção daquilo que é nosso, e que no fundo, caracteriza qualquer terra. O seu “património”.
O pátio exterior, em forma de anfiteatro, faculta à Vila, ao Concelho e à própria Ilha, um espaço que, no meu entender, poderá ser palco de inúmeras iniciativas, nomeadamente na Primavera e no Verão.
Com as ameias a rodeá-lo, e a Montanha como que a apadrinhá-lo, não me é muito difícil antever qualquer récita para crianças, actividades extra-escolares diversas, aulas práticas, conjugando-se dessa maneira dois objectivos num só: abrir o Forte à comunidade local, e acima de tudo atrair os mais jovens a uma edificação histórica que não poderá servir só para dar informações aos turistas.
É bom que estes tenham conhecimento da sua existência, e a propósito, talvez falte na estrada indicação disso mesmo quando se entra nas Lajes. Será salutar, que a exemplo do que acontece em qualquer ponto do globo, quem visita a Vila possa saber e encontrar mais do que a vista alcança. Mas não é esse apenas o caminho.
Repito, gostei.
Desde o espaço que foi posto no espaço arborizado à volta do edifício, à sala em que se quis salientar a abóboda de vidro, parece-me que a “obra” foi conseguida.
Parabéns a quem de direito.»
O Dever destaca esta semana – apenas em fotografia – a queda da cobertura do “hiper” das Lajes, em construção, ocorrida a semana passada. Como se sabe, a sua inauguração previa-se para a época natalícia. Fazemos votos para que a obra se reinicie rapidamente, pois a sua existência em muito contribuirá para o desenvolvimento do nosso Concelho.
sexta-feira, outubro 13, 2006
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2 comentários:
Agradeço a gentileza, mais uma, de terem publicado o artigo de "O Dever".
Gostei mesmo de ver o Forte recuperado!
Antes de mais, os nossos agradecimentos pelos comentários. Por aqui, as opiniões divide-se. A primeira tem a ver com as madeiras en frente ao mar: os que gostam, gostam; os que não gostam tem sobretudo a ver com questões de pormenor, por exemplo, se não poderiam ser mais baixas, embora se pusesse o problema da segurança. Um especialista em arquitectura militar disse que a recuperação estava excelente porque respeitava "o espírito do lugar", na mesma linha do que nos diz o José Augusto Soares.
No essencial, pensamos nós por aqui, é que se respeitou e melhorou, em muito, o lugar tão importante para a cultura lajense. Mas é claro que ficam sempre por resolver as questões de gosto pessoal - que nos dividem, pacificamente, claro; ainda bem que não pensamos todos o mesmo.
Ah! vimos novos livros na Loja, ainda bem!
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