terça-feira, novembro 28, 2006

Palavras de poetas (#07)

poema

Tu estás em mim como eu estive no berço

como a árvore sob a sua crosta

como o navio no fundo do mar

MÁRIO CESARINY, Pena Capital, Assírio & Alvim, 1982

Morreu o poeta, viva o poeta!


O adeus ao poeta surreal
Alexandre Costa

Partiu este fim-de-semana um dos expoentes máximos do surrealismo português. Aos 83 anos, o poeta e pintor, Mário Cesariny, faleceu na madrugada de domingo, em sua casa, devido a um cancro na próstata. O seu corpo está em câmara ardente no Palácio Galveias, no Campo Pequeno, de onde partirá às 14h para o Cemitério dos Prazeres.

Várias figuras de Estado e da Cultura portuguesa têm marcado presença nas cerimónias fúnebres. O poeta e deputado socialista, Manuel Alegre, qualificou Cesariny como “um homem livre”, “um dos maiores portugueses de sempre” com “uma voz única que ficará para sempre na História”. Na sua mensagem de condolências à família, o Presidente da República, Cavaco Silva, disse que Cesariny foi “um dos nomes cimeiros da cultura portuguesa no século XX”. A Câmara de Lisboa anunciou que irá dar o seu nome a um equipamento cultural relevante.

Mário Cesariny de Vasconcelos, nascido em Lisboa a 9 de Agosto de 1923, de pai beirão e mãe castelhana, foi sobretudo conhecido pela sua obra poética, mas foi também romancista, ensaísta e pintor.

Da sua extensa obra literária destaca-se o trabalho de antologista, compilador e historiador (polémico) das actividades surrealistas em Portugal, sendo também a sua obra poética considerada um dos mais ricos e complexos contributos para a história da poesia portuguesa contemporânea.

Entre as suas inúmeras obras, destacam-se títulos como "Corpo Visível" (1950), "Manual de Prestidigitação" (1956), "Pena Capital", "Nobilíssima Visão" (1959), "Antologia Surrealista do Cadáver Esquisito" (1961), "A Cidade Queimada" (com arranjo gráfico e ilustrações de Cruzeiro Seixas, 1965), "Burlescas, Teóricas e Sentimentais " (1972), "Primavera Autónoma das Estradas" (1980), "O Virgem Negra. Fernando Pessoa Explicado às Criancinhas Nacionais Estrangeiras por M.C.V." (1989) e "Titânia" (1994).

Em 2005 foi distinguido com o Grande Prémio Vida Literária APE/CGD e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

REACÇÕES

“O último representante da plêiade de grandes poetas portugueses que marcaram o século XX”.
Fernando Cabral Martins, escritor e professor de Literatura

“Extremamente subversivo”, escrevia “com uma grande clareza e delicadeza, que não ocultava por vezes uma grande violência”.
Baptistas Bastos, jornalista e escritor

“Um príncipe” com uma “absoluta nobreza de carácter”.
Bernardo Pinto de Almeida, poeta, professor e critico de arte

“Um homem que não receava enfrentar os códigos. Um espírito livre, que sofreu mesquinhez que abunda na sociedade portuguesa, com a intolerância política e a rigidez moral”.
Arnaldo Saraiva, professor de Literatura

"Um surrealista vital", com uma vida feita de "insubmissão, desassombro e risco".
José Manuel dos Santos, amigo de Cesariny

“Viveu a vida como uma oportunidade única, ao mesmo tempo com riso e desdém”.
Manuel António Pina, poeta e cronista

"Lisboa perdeu um dos seus grandes cultores", marcado pela "inquietude criativa".
Carmona Rodrigues, presidente da Câmara de Lisboa

Jornal Expresso, 27 de Novembro de 2006

segunda-feira, novembro 27, 2006

Mozart nas Lajes do Pico


Na Igreja Matriz, dia 1 de Dezembro, pelas 15 horas: Requiem de Mozart, com interpretação do Coral de São José. O Coral é acompanhado pela Orquestra Açores Camerata, com 4 solistas internacionais e Direcção do Maestro Walter Kobera (Director da Ópera Nova de Viena). Esta iniciativa integra-se nas Comemorações dos 250 anos do nascimento de Mozart.

sábado, novembro 25, 2006

Intelectuais contra TLEBS

Vasco Graça Moura, José Saramago e Eduardo Prado Coelho, entre outros intelectuais e professores, entregaram um abaixo-assinado à ministra da Educação. O documento pede a suspensão “imediata” da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS). Consideram-na “incorrecta e abstrusa” e a sua aplicação “terá gravíssimas consequências para o país”.
(jornal Expresso, 25 de Novembro de 2006)

quinta-feira, novembro 23, 2006

Palavras de poetas ( # 02 - rectificado)

Viola d'África
amigo a tua viola é o que resta
das papoilas e das rosas dum país
enches as noites africanas com acordes
de cravos e de cardos e lentamente uma serpente

de saudade
vai-te cercando o corpo
lentamente.

percorres a tua escala de ausência
na melodia em tom menor
com que se escrevem temas de exílio
solidão cansaço.

e o teu canto é um uivo agourento
e branco
atirado à lua
sob este céu que não foi nunca de Janeiro.

Urbano Bettencourt, in Marinheiro com residência fixa

Caros conterrâneos-em-blogue,
Surpreendido e agradecido com a publicação do meu texto em Outubro (e que só agora descobri, ao mesmo tempo que o vosso blogue, que tenho andado a consultar).
Gostaria, porém, de chamar a atenção e pedir que, se possível, corrigissem um lapso na segunda estrofe: onde está "Vai-se cercando" deveria estar "Vai-te cercando", que é a construção que faz sentido ali. O lapso vem, creio eu, desde a Antologia organizada por Ruy Galvão de Carvalho e tem-se multiplicado, biblicamente; mas se formos quebrando a cadeia (o Luís Bettencourt já o fez na Praia da Vitória), pode ser que um dia se consiga encontrar só a versão correcta.
Cumprimentos e votos de continuação
Urbano Bettencourt

terça-feira, novembro 14, 2006

Palavras de poetas (#06)

Soneto de identidade

"Chamo-me Pedro, sou Silveira e sou
também Mendonça: um tanto duro, como
Pedro é pedra; picante agudo assomo
de silva dos silvedos — não me dou

Raiz flamenga, já se sabe; e um gomo,
no fruto, castelhano. E assim bem pou-
co, pois, que doce me passara à ou-
tra pátria (língua?) que me coube e tomo.

Ainda Henriques (alemão? polaco?)
e outros cognomes mais: espelho opaco
de errâncias várias, que mal sei (desfaço,

talvez por isso, no que faço.) Ilhéu
da casca até ao cerne — e lá vou eu,
sem ambição maior que o livre espaço".

Pedro da Silveira, em Poemas ausentes, O Mirante, 1999: 14

(os nossos vizinhos do lado publicam post sobre este grande poeta florentino; o Boletim Municipal das Lajes do Pico dedicou-lhe em 2004 [nº 11] uma recensão, «O último porto da memória», por Inês Dias, republicado na revista Magma [nº 1], na Separata com textos daquela autora: «À Flor do Mar», Lajes do Pico, Dezembro de 2005)

segunda-feira, novembro 13, 2006

Não estamos (?) em período eleitoral


Carlos César, na sua qualidade de Presidente do Governo Regional, dispensou ao Jornal do Pico uma longa entrevista (edição do dia 10 de Novembro, 1ª página – “chamada” a ¾ – e pgs. 6 a 9). Merece, naturalmente, leitura atenta e respostas várias. Para já, da nossa parte: (1) cremos que a população do Pico só pode ficar satisfeita por ler que o Presidente do seu Governo Regional considera que «O Pico tem reservas de energia e de confiança das melhores que nós temos nos Açores.» É verdade, senhor Presidente. Mas não lhe fica bem, dizemos nós, considerar que tal se deve aos seus Governos – é obra de cidadãos em instituições públicas e privadas, Autarquias, Governos; não estamos (?) em período eleitoral. (2) O (já célebre) novo Aeroporto do Pico: o Governo não tem poderes para dialogar com a TAP e a SATA? Então, por que é que decidiu (sozinho?) alargar a pista, construir a nova gare? Para brincar com a gestão dos dinheiros públicos? Talvez quando estivermos mais perto das eleições venha a dizer que estava tudo previsto e planeado desde a primeira hora… (3) É má educação dizer: «Eu creio que os presidentes da câmara do Pico, para além dessas alturas eleitorais, têm sempre uma hora de ouro que é a que se sucede às visitas estatutárias anuais onde gostam de falar contra o Governo, mas no dia seguinte já nos telefonam a dizer que está tudo bem e que querem colaborar.» Má educação, senhor Carlos César; má educação e falta de tacto político: lembre-se dos períodos eleitorais, aqueles onde até pelas autarquias o senhor dá a cara.

sábado, novembro 11, 2006

Pico indizível


(José Augusto Soares enviou-nos esta incrível imagem da Montanha do Pico. Obrigada)

Fábrica da Baleia SIBIL

Antiga Fábrica da Baleia SIBIL:


ex-libris da Vila Baleeira renasce.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Há mais vida além dos blogues… (01)

Vários são os blogues que se dedicam mais ou menos exclusivamente às terras açorianas; são vários, de diversas “tendências”, temáticas e atitudes, desde os de simples divulgação local até aos que fedem do produto de más digestões… políticas.
Fizemos umas pesquisas e uns cálculos (com o rigor possível, não certamente o desejável, mas mesmo assim com alguns dados concretos), que nos dizem que os blogues que se dedicam com maior peso aos assuntos de um dado concelho, terão, numa semana regular, cerca de 25 Visitantes diários em média (os que “retornam” são em número ligeiramente superior aos de “Primeira Vez”). Não é fácil saber – a não ser com “contadores” profissionais, o que não acontece com nenhum dos que conhecemos – não é fácil saber, dizíamos, quantos abandonam ou voltam muito tempo depois, etc.; e também não se sabe quem se “fideliza” e quem não o faz, etc.
De qualquer modo, é fácil perceber que o número real de visitantes é extremamente baixo: nada do que se compare aos cerca de 5.000 exemplares semanais dos 3 jornais da ilha do Pico, por exemplo, que têm, além do mais, leituras acrescidas (clubes e associações, grupos da imigração, etc.). Alguns autores que se dedicam à análise do fenómeno mundial da blogosfera, identificaram uma característica interessante que marca muitos blogues pessoais: os seus autores iludem-se com o feed-back e alimentam sonhos megalómanos de se tornarem vedetas jornalísticas ou televisivas – ou, em casos de doença extrema, aspirarem a tornar-se figuras públicas, com direito a candidatarem-se a presidentes de câmara & afins… Quando “vale tudo menos tirar olhos”, talvez já nem os “olhos” se salvem…

Há mais vida além dos blogues… (02)

Em muita imprensa (local, regional e nacional), alguns autores de blogues e as próprias redacções procuram fazer no “papel” a ampliação” do que se escreve (tantas vezes tão mal…) nos blogues – ampliando, desta maneira, tantas vezes, a “cultura do mexerico e da difamação”; esta cultura, funciona assim: alguém afirma (de preferência anonimamente) que fulano de tal é corrupto ou tem preferências sexuais fora da norma; o que é que aconteceria numa situação saudável? O autor dessas afirmações teria de o provar ou apresentar imediatamente um pedido formal de desculpas ao visado – além de se colocar automaticamente sob a alçada da justiça. Mas não: nos tempos que correm, quem é difamado é que tem de se esforçar em apresentar (publicamente) a sua”inocência”, como se o acusador anónimo tivesse força de lei; quem se lembre um pouco da história (negra) da Inquisição, saberá que esse era o procedimento normal de quem se queria ver livre de inimigo ou concorrente: fazia a “denúncia” anónima e era o “acusado” que teria de se ver em papos de aranha para provar o que ele muitas vezes nem sequer sabia de que era acusado. Talvez melhor do que ninguém, Franz Kafka nos fez ver este procedimento com o seu K. em O Processo – livro que vivamente se aconselha a ler ou a reler…

quinta-feira, novembro 09, 2006

Cutileiro



Cutileiro nas Lajes do Pico
(Galeria Municipal): desenhos e esculturas.
De 10 de Novembro a 5 de Janeiro de 2007

ANTOLOGIA (#05)



A CRISÁLIDA, CALHETA DO NESQUIM

«[...] Mas Manuel Costa detesta que se façam grandes elevações e heroísmos à volta dos baleeiros. Porque eram quase escravos do armador, a soldada só a recebiam quando o óleo da baleia estava todo vendido. Que mais podiam fazer? Ir ao mar ou acabar de fome e o cachalote, “a nossa baleia”, aparecia ao calhar. Às vezes levava um mês e eles esperavam colados à muralha do cais, no “banco da preguiça”. Os homens não podiam desviar-se muito, só autorizados pelo agente da armação em que arriavam. No Inverno, a braveza do mar reduzia as hipóteses, o peixe apodrecia se não fosse escalado, era preciso vendê-lo nos arredores, muitas vezes às costas, trigo, milho ou ovos eram nesse tempo moeda de troca principal. Quando o vigia accionava a buzina e mais tarde o foguete-bomba largavam tudo, fosse o que fosse, estivessem onde estivessem. Quantas vezes os vapores do continente, o “Lima”, o “Carvalho Araújo”, escala em S. Jorge duas vezes por mês, ficaram a meio da descarga porque os baleeiros ouviam de repente o grito “baleia, baleia”. Os agentes rejeitavam-nos por isso e quem não tinha terra estava feito. Não havia remédio senão a busca dos States, correndo riscos, perigos altos, enganados pelos passadores tantos ficaram sem dinheiro e nenhuma esperança. Metiam-se mar fora e acontecia: ao chegarem junto do barco combinado os de dentro cortavam-lhes as mãos. Contam-se aventuras piores e destas memórias vivem todos, são a sua casa quando lá não estão.»
[...] A caça da baleia fechou em 1987, a miséria foi-se extinguindo com o dinheiro emigrado e a mudança para a pesca do atum, o albacora. O Pico é uma reserva, recolhem-se preciosos vestígios de uma civilização a esfumar-se. Mas a guerra acabou, resta apenas o palco dessa luta, alguns sobreviventes e poucos cetáceos.»

(Fátima Maldonado (com António Pedro Ferreira, fotografia), Lava de Espera, Câmara Municipal das Lajes do Pico, 1996: 10-11)

sábado, novembro 04, 2006

LAJES DO PICO - Um ano de realizações (1/3)

Do jornal O Dever - Página Autárquica - com a devida vénia:

No dia 1 de Novembro do ano passado tomou posse o Executivo da Câmara.
Agora, 12 meses depois, como prometemos, damos conta do trabalho realizado.
Como se vê aqui, são inúmeras as obras concretizadas, em fase de concretização ou com projectos de concretização a curto e médio prazos. Algumas das obras terminadas tiveram início neste mandato, outras são de continuidade do nosso trabalho anterior.
Algumas obras e projectos são muito visíveis para todos. Outras, são pouco visíveis mas são igualmente indispensáveis à boa qualidade de vida da população. São muitas e muitas horas de trabalho constante para o bem de todos.
Muitas obras, muitas iniciativas, muitas actividades – e o apoio constante a todos as associações, escolas, entidades de todo o tipo que no Concelho trabalham em prol da comunidade.
Vamos continuar a trabalhar.

Sara Santos
Presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico


OBRAS
Concluídas:

- Forte de Santa Catarina: Posto de Turismo e Zona de Lazer
- Balneários das Pontes (Pontas Negras, Ribeiras) - Delegação de Competências na Junta de Freguesia
- Zona de Lazer das Areinhas (S. João) - Delegação de Competências na Junta de Freguesia
- Sede da Junta de Freguesia das Lajes do Pico
- Largo Edmundo Machado Ávila (Cruzeiro): remodelação
- Escola Básica/Jardim de Infância da Vila
- Piscina Municipal de Santa Cruz das Ribeiras
- Sede da Junta de Freguesia das Ribeiras
- Largo de S. Bárbara, Ribeiras (arranjo geral e iluminação)

Iniciadas e em execução:
- Fábrica da Baleia SIBIL: Centro de Artes e de Ciências do Mar
- Campo Municipal de Jogos
- Parque de Campismo: melhoramentos (muros em pedra, acessos e equipamentos de apoio)
- Biblioteca Municipal/Sala de leitura de adultos: remodelação
- Zona de Lazer da Manhenha (Piedade)
- Electrificação e iluminação pública do largo de S. Martinho, nas Canadas (Calheta de Nesquim)

Elaboração de projectos com vista a execução próxima:
- Empreitada de grande reabilitação da Rede Viária em todo o Concelho
- Parque de Estacionamento da Vila
- Projectos de especialidades do Passeio Marítimo
- Reabilitação da Escola do 1º Ciclo de S. João
- Reabilitação e ampliação da Escola do 1º Ciclo da Piedade e construção de Pavilhão Desportivo
- Salão-Sede da Filarmónica União Musical da Piedade
- Zona de Lazer do Poço da Arruda, São João (beneficiação geral)
- Jardim de Santa Cruz, Ribeiras (remodelação)
- Candidatura à DROAP da Sede da Junta de Freguesia da Calheta de Nesquim (reabilitação e adaptação de imóvel)
- Candidatura à DROAP da Sede da Junta de Freguesia da Ribeirinha (nova construção)
- Candidatura à DROAP da Sede da Junta de Freguesia da
Piedade (reabilitação e adaptação de imóvel)
- Projectos de especialidades do Teatro Municipal

GESTÃO MUNICIPAL
- Constituição de uma Empresa Municipal (equipamentos turísticos, desportivos, recreativos, culturais, ambientais e habitacionais)
- Plano de Pormenor da Vila (permitirá o enquadramento de outros projectos planeados: Jardim Público da Vila, Mercado Municipal, iluminação pública, ordenamento do trânsito, entre outros)
- Desenvolvimento e consolidação do Sistema de Contabilidade de Custos e Controlo Interno
- Ligação em rede do edifício dos Paços do Concelho e Armazéns da Câmara
- Diagnóstico da Rede informática
- Continuação do Projecto Açores Digital
- Candidatura ao GABITEC III (para funcionamento do SIG - Sistema de Informação Geográfica)

LAJES DO PICO - Um ano de realizações (2/3)

SERVIÇOS URBANOS, AMBIENTE E SANIDADE
- Baixadas de abastecimento de água para consumo doméstico (novas, transferências e restabelecimentos): 78
- Introdução do sistema de desinfecção de água para consumo humano (5 postos de cloragem)
- Aumeno da rede de abastecimento de água numa extensão de 1.720 metros: Caminho do Engenho, Ribeirinha; Travessa do Caminho do Capitão, Santa Bárbara, Ribeiras; Caminho de Cima, Manhenha, Piedade; Caminho do Mourro, Piedade; Caminho da Terra da Cova, Piedade; Canada das Vinhas, Silveira, Lajes
- Substituição de bomba submersível no furo RR0
- Abastecimento de água ao novo Matadouro do Pico
- Manutenção e conservação de diversos reservatórios do Sistema de Abastecimento de Água
- Reparação de diversas avarias na Rede de Distribuição de Água
- Instalação de equipamento metalo-mecâncio no furo JM e ligação do RL5 à Rede de Distribuição
- Alteração do traçado da conduta de distribuição de água na Ribeira Funda, Ribeirinha
- Elaboração e aprovação do Regulamento Municipal do Serviço de Abastecimento de Água
- Manutenção da rede viária: construção de diversos poços e sarjetas para escoamento de águas pluviais e remendagens asfálticas em todas as Freguesias do Concelho
- Construção de muros e colocação de 200 metros de balaústres em caminhos municipais, em Delegação de Competências nas Juntas de Freguesia: Ribeirinha: Canada da Tenda, Caminho Novo; Piedade: Caminho do Miradouro, Passos Novos, Ramal da Manhenha, Caminho de Cima da Rocha no Cais do Galego, Caminho da Engrade e Caminho da Zona Balnear do Calhau; Calheta de Nesquim: Caminho da Cascalheira e rua das Canadas; Ribeiras: Canada do Mar, Caminho da Cruz e Caminho de Baixo; S. João: Caminho do Poço da Arruda e alargamento do Caminho do Mato.
- Reconstrução de muros em arruamentos da Vila (rua Família Xavier, rua Manuel Paulino de Azevedo e Castro, rua Padre Manuel José Lopes)
- Pavimentação de passeio em calçada na Vila (rua dos Baleeiros)
- Pequenas reparações em pavimentos de calçada na Vila
- Início de construção de muros no Parque de Estacionamento da Vila
- Tratamento de bermas, muros e acessos no Caminho da Almagreira, Lajes
- Obras de beneficiação da Zona balnear da Poça das Mujas (Calheta de Nesquim)
- Introdução da recolha selectiva de resíduos
- Introdução da recolha semanal de “monstros” e sucatas
- Construção de silos para deposição transitória dos resíduos (vidro e plástico) provenientes da recolha selectiva
- Colocação de papeleiras na Vila e em várias pontos do Concelho
- Embelezamento de jardins e espaços públicos em diversos locais do Concelho (flores)
- Colocação de suportes de segurança dos contentores de recolha de resíduos (com a colaboração das Juntas de Freguesia)
- Manutenção de sanitários públicos (Santa Cruz das Ribeiras e Lajes)
- Manutenção da Zona Balnear da Lagoa (Lajes)
- Instalação de iluminação pública na avenida dos Baleeiros
- Manutenção do parque escolar do 1º Ciclo e Pré-Escolar (pequenas reparações em todas as Escolas e pintura das Escolas da Silveira e das Ribeiras)
- Manutenção do parque de máquinas
- Manutenção de edifícios municipais (pintura da fachada do Convento de S. Francisco, pintura da antiga Central Eléctrica, pintura de reservatórios de água, e pequenas intervenções)

COLABORAÇÕES COM ADMINISTRAÇÃO CENTRAL E REGIONAL
- Limpeza de “crude” no Porto da Baixa da Ribeirinha (com Delegação Marítima do Pico)
- Cedências do cilindro pequeno (SRHE - Secretaria Regional de Habitação e Equipamentos)
- Cedência de camiões de carga com condutor em intervenções na Estrada Transversal (SRHE)
- Cedência de camioneta com balde ao Serviço de Conservação da Natureza
- Apoio às obras de remodelação da Repartição de Finanças das Lajes

APOIOS A INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS
- Limpeza com jacto de areia no Passal da Ribeirinha, Capela do Divino Espírito Santo na Ribeira do Meio (Lajes) e Igreja de S. João
- Pintura de portas e janelas da Ermida de S. Pedro
- Apoio financeiro à recuperação das Capelas do Divino Espírito Santo na Ribeira do Meio e em Santa Cruz das Ribeiras; apoio financeiro à recuperação do Passal da Ribeirinha

APOIOS E SUBSÍDIOS A ASSOCIAÇÕES E ESCOLAS
- Actividade das Filarmónicas e Grupos Desportivos
- Intercâmbios das Filarmónicas Lira Fraternal Calhetense, Recreio Ribeirense e Liberdade Lajense com congéneres do Continente (50% do custo das passagens aéreas)
- Filarmónica Liberdade Lajense: projecto de ocupação de tempos livres de jovens (sala de jogos, sala de informática e bar: apoio de 12.000 euros)
- Transporte das Filarmónicas concelhias para as festas tradicionais realizadas no Concelho
- Festa da Filarmónica Lira Fraternal Calhetense
- Gravação de um CD da Filarmónica Recreio dos Pastores (para o Centenário a comemorar em 2007)
- Transporte de idosos dos Centros de Convívio
- Combustível para apoio de actividades associativas a várias instituições do Concelho
- Apoio a obras nas Sedes do Centro Social, Cultural e Recreativo da Almagreira, da Irmandade do Divino Espírito Santo da Companhia de Cima (S. João), da Sociedade Ninho de Águia (Baixa da Ribeirinha), da Sociedade Recreativa Alegria no Campo (Terras) e da Liga dos Amigos da Manhenha
- Grupo de Jovens da Silveira
- Grupos de Fantasias da Ribeira do Meio, de Santa Cruz e da Manhenha
- Danças de Carnaval de S. João, da Calheta de Nesquim e da Piedade
- Combustível para as lanchas baleeiras – Rosa Maria (Museu dos Baleeiros), Cigana (Clube Náutico das Lajes), Açoriana (Junta de Freguesia das Ribeiras) e Medina (Junta de Freguesia da Calheta) – para a realização de Regatas
- Prémios aos Melhores Alunos dos 2º e 3º Ciclos e Secundário
- Contribuição nos Prémios Rotary Club aos melhores alunos do Pico
- Parceria da CMLP com a ADJ e Junta de Freguesia para instalação do novo Clube de Informática da Ribeirinha
- Actividades Escolares (Jovens Repórteres para o Ambiente, Jogos Desportivos Escolares, Campeonato de Jogos Matemáticos, viagens de estudo a Londres e a Barcelona, Projectos Eco-Escola, Associação de Pais, Projecto Comenius, Projecto Arion e Projecto Vila sem Carros)
- Distribuição da alimentação às Escolas do 1º Ciclo/JI
- Apoio ao Ensino Artístico
- Pagamento das Bolsas de Estudo do Ano Lectivo 2005-2006

LAJES DO PICO - Um ano de realizações (3/3)

ACTIVIDADES DE CULTURA, DESPORTO E RECREIO
- VIII edição do Festival Baleia de Marfim (com a Associação Terra Baleeira)
- Apoio ao Estágio anual da Orquestra Sinfónica Juvenil de Lisboa
- Organização da Regata Terra Baleeira
- Semana dos Baleeiros 2006 (com a Associação Terra Baleeira)

Espectáculos e outros eventos
Organização CMLP

- Vitorino e Zé Carvalho, no Auditório Municipal
- Duo Paganini, no Auditório Municipal
- Eurico Rosado (piano), no Auditório Municipal
- Bandamo Trio (membros da Orquestra de Berlim), no Auditório Municipal
- Coro dos Antigos Orfeonistas de Coimbra, na Sede da Filarmónica Liberdade Lajense.
- Soprano Luísa Alcobia, no Auditório Municipal
- Filarmónica Recreio dos Pastores, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Teatro de rua com o Grupo de Teatro do Arado, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Banda Mamarrosa, de Oliveira do Bairro, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Grupo de Acordeonistas de Távora, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Filarmónica Liberdade Lajense, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Filarmónica União Musical da Piedade, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Filarmónica Lira Fraternal Calhetense, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Filarmónica de Educação Recreio e Beneficência União Ribeirense, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Filarmónica Recreio Ribeirense, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Concurso Uma História de Natal (Biblioteca)
- Concurso e Exposição dos Trabalhos Sopro de Primavera (Biblioteca)
- Projecto de promoção da leitura Caixinha de Leitura (Biblioteca)
- Comemoração do Dia da Liberdade
- Comemoração do Dia do Município
- Comemoração do Dia Mundial da Água e da Árvore
- Comemoração do Dia Mundial do Ambiente
- Participação da Vencedora do Festival Baleia de Marfim no Festival Caravela de Ouro da Povoação, S. Miguel
- Conferência Culto ao Divino Espírito Santo no Brasil, por Joi Cletison, no Auditório Municipal
- Busto de Monsenhor Pereira da Silva, junto à Igreja de S. João
- Memorial aos Combatentes, Piedade

Apoiados pela CMLP
- Cantata de Natal 2005 pelo Grupo Coral das Lajes do Pico
- Festa de Natal da Unidade de Saúde da Ilha do Pico
- Projecto Crescer de Mãos Dadas
- Festas de: Santa Bárbara, Nossa Senhora da Conceição (Santa Cruz e Ribeirinha), São Sebastião (Calheta de Nesquim e Ribeira do Meio), São Pedro Gonçalo, Nossa Senhora da Boa Viagem, Festas do Divino Espírito Santo, S. João, Senhora da Piedade (Caminho de Baixo), Senhor Bom Jesus, Festa do Chicharro, S. João Pequenino, Bodo de Leite, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora da Piedade, Festa do Calhau, Festa da Manhenha e Nossa Senhora do Rosário
- Grupo de Teatro Muitieramá
- Grupo de Cantares Trovas do Sul
- Tuna da Casa do Povo das Ribeiras
- Conferência sobre a segurança on-line das crianças, por Tito de Morais
- Jornadas Internacionais de Vulcanologia da Universidade dos Açores
- Lançamento do livro da XII Expedição Científica da Universidade dos Açores
- Apresentação da obra do pintor José Nuno da Câmara Pereira, em colaboração com o Instituto Açoriano de Cultura

Exposições na Galeria Municipal
- Em Honra do Divino Espírito Santo, fotografias de Lucia Vasconcelos
- Pintura de Vitor Boga
- Não perguntes para onde vou..., fotografias de Manuel Ribeiro
- Rendas do Pico: cem anos de memória, da Associação O Alvião

Cinema no Auditório Municipal
- 130 sessões (104 para adultos e 26 para crianças)

EDIÇÕES
- Postal de Natal 2005
- Postal 505 Anos do Município
- Revista Magma nºs 1 (Dezembro de 2005) e 2 (Junho de 2006)
- Boletim Municipal nºs 24 (Dezembro de 2005) a 29 (Outubro de 2006)
- Cartaz de divulgação da exibição cinematográfica
- Agenda de Eventos, 1 (Julho-Setembro)
- Catálogo da Exposição Em Honra do Divino Espírito Santo, fotografias de Lucia Vasconcelos
- Catálogo da Exposição de Pintura de Vitor Boga
- Catálogo da Exposição de Fotografia Não Perguntes para onde vou..., fotografias de Manuel Ribeiro
- Catálogo da Exposição Rendas do Pico: cem anos de memória, da Associação O Alvião
- 2 Colecções de postais (fotografias de Lucia Vasconcelos e Paulo Nuno Silva)
- Salpicos da Vida, livro de Rosário Freitas

TURISMO
- Participação na Bolsa de Turismo de Lisboa 2006
- Edição do Mapa Turístico do Concelho
- Entrada em funcionamento do Posto de Turismo
- Recolha e tratamento de informação para a edição de um Guia de Oferta Turística do Concelho
- Apoio ao Encontro da Associação de Directores de Hotéis de Portugal nas Lajes
- Programa Estagiar L na àrea do Turismo

sexta-feira, novembro 03, 2006

João Cutileiro nas Lajes do Pico


A Câmara Municipal das Lajes do Pico, em parceria com o IAC - Instituto Açoriano de Cultura, apresenta de 10 de Novembro a 5 de Janeiro, na Galeria Municipal das Lajes do Pico, uma importante exposição de escultura com obras de João Cutileiro.
João Cutileiro é uma referência maior da escultura portuguesa, é o grande obreiro da viragem da escultura no nosso país, tendo quebrado com o classicismo estilizado que se vivia no período da ditadura em Portugal, quando a iconografia estereotipada, que resultava das encomendas oficiais do regime, povoava Portugal de “heróis, santos e descobridores”. D.Sebastião, peça sua erigida na cidade de Lagos, em 1973, aquando da comemoração do quarto centenário daquela cidade, representou o momento de viragem da escultura e terá sido uma das obras mais polémicas em toda a história da escultura em Portugal, como refere José Augusto França: “Em 1973 foi possível imaginar o rei «desejado», inquieto e falso herói. A sua figura confessa-o assim, como um fantasma vindo do fundo do tempo, espantalho da história, caricatura do Mito. Boneco dado à nossa piedade e oferecido à nossa meditação... Com isso, uma notável obra da estatuária contemporânea (....), a quebra de uma triste tradição de academismo «modernizado».

quinta-feira, novembro 02, 2006

ANTOLOGIA (#4)


AS FILARMÓNICAS, LAJES DO PICO
«[...] Mas as senhoras de leque espanhol continuam, os vestidos pretos, gargantilha de ouro ou medalhão preso ao fio, sobre ramagens de falsa seda. Sentam-se aprumadinhas nas cadeiras de praia, por cima um anúncio da Oliva, a máquina de costura tradicional que em novas provavelmente desejaram, a escutar as Bandas, fingindo tomar conta das filhas. As netas mal falam português, sem controlo, a maior parte com shorts, moda que em geral transforma os europeus em atrasados ligeiros. Junto delas estão os mais velhos e os inválidos. Outros deambulam, os da segunda geração, iguais, os vídeos pulsando a tiracolo, geométricos nas máquinas, nos calções, uns já de telemóvel. Alguns mantém dignidade, as calças escuras, a camisa branca, só não resistem ao emblema dos bonés americanos. À beira-mar, um molho de raparigas cedeu com certeza a telha das mães, vestidos, rendas e fitas, os cabelos árabes desencalhados e uns rapazinhos que pertencem à Banda atiram pedras fazendo ricochete. No Maria Luna, à entrada da rampa deslizando ao cais, sentam-se meninas, ainda bebés, ostensivamente enfeitadas, as mais carecas não escapam às bandoletas cheias de rufos. Há gelados, frituras, o restaurante da Banda Liberdade de S. Roque do Pico, garagem ou se calhar recolha dos barcos, serve linguiça com inhame, abrótea, raia frita, as lapas. Encostado à porta um rapaz bonito de baça expressão, meias de lã nos pés e as sandálias de couro cruzam na perna. Albarcas como os pastorinhos de barro do presépio, um borrego sempre às costas, por vezes ajoelhavam. De um ano para o outro, na caixa de madeira junto à barba prateada do pinheiro, cheiravam a cedro, ao musgo que enfeitava o ringue do Menino. Em direcção ao carro, estacionado no largo do convento – a igreja segue-o mostrando a pedra ríspida, veias de lava insertas – dois meninos fardados de azul escuro estão ao telefone. Um conserva ainda o clarinete e duas pautas, o outro vai discando. Revirara o boné mas o risco mantinha-se na testa suada. Riram-se imenso quando o António Pedro começou a disparar.»

(Fátima Maldonado (com António Pedro Ferreira, fotografia), Lava de Espera, Câmara Municipal das Lajes do Pico, 1996: 15

Palavras de poetas (#05)


«Sobre ti que posso saber além
do que me dizem os sentidos
e os sentimentos que deles retiro
para chegar a esse ponto fulgurante
e ácido
onde aprendemos a brevidade da vida
e a maior brevidade – e mais escura –
do amor?»

Joaquim Manuel Magalhães
, Uma Luz com um Toldo Vermelho [1990: 32]

quarta-feira, novembro 01, 2006

Escola da Vila (#02)

Localização da Escola Básica Integrada/Secundária das Lajes do Pico


A evolução populacional registada nas Lajes do Pico ao longo do último século, ilustra a queda de centralidade do concelho no âmbito insular, com as consequentes quebras a nível económico e demográfico.
A Vila das Lajes, embora beneficiando do fenómeno de urbanização comum a todo o território a partir dos anos 50 do passado século, não deixa de perder população, quebra esta que se mantém com significado até aos nossos dias.
Segundo o último Recenseamento Geral da População, o núcleo tradicional da Vila das Lajes do Pico, contabilizava em 2001 um total de 490 habitantes.
Tendo em conta a necessidade de vivificação da zona central das Lajes do Pico, que tem vindo progressivamente a perder população em detrimento da envolvente directa da Vila, onde a disponibilidade de espaço proporciona, em alguns casos, condições mais fáceis para instalação quer de habitações quer de serviços e equipamentos, a Câmara Municipal vem e pretende continuar a desenvolver uma política que permita a inversão desta tendência.
Efectivamente a manutenção da centralidade do núcleo tradicional das Lajes do Pico, constitui a única forma de manter o seu carácter urbano, impar no âmbito da Ilha do Pico.
Daí que a Câmara Municipal considere, como um dos objectivos estratégicos do Plano de Pormenor para a Vila, actualmente em elaboração, a necessidade de “Promover a instalação na Vila do principal equipamento colectivo e social do concelho e criar condições para a instalação de comércio e serviços”.
Neste contexto, a manutenção da Escola no interior da Vila constitui um objectivo municipal tido como fundamental para o desenvolvimento e ordenamento concelhios.
A Escola é hoje o segundo empregador do concelho, a seguir à Câmara Municipal, sendo, para além disso, o destino dos mais intensos fluxos diários de população no âmbito concelhio, e só por aí se pode verificar a sua importância enquanto pólo de atracção à escala municipal.
A Escola retira também vantagens da sua integração na malha urbana:
- Proximidade a outros serviços;
- Melhores condições de acessibilidade dada a centralidade da localização;
- Sinergias derivadas da proximidade a outros locais da vivência urbana das Lajes;
- Proximidade ao local de trabalho de pais e encarregados de educação, uma vez que a Vila se mantém como principal pólo empregador do concelho.

No seu Plano Pedagógico (elaborado em 2000) a Escola diagnostica como “um dos principais problemas a falta de motivação da Comunidade Educativa derivada da forma como a Escola está afastada do Mundo”. A estratégia apontada é evidentemente a sua ligação à comunidade e a “priorização dos focos (úteis) motivadores da tradição”. A localização da Escola no núcleo central das Lajes do Pico, é bastante vantajosa neste sentido, uma vez que proporciona uma maior proximidade às actividades económicas desenvolvidas no concelho e aos equipamentos culturais que albergam o repositório das respectivas tradições etnográficas, económicas e culturais.
Defende-se, desta forma, a instalação da Escola na sua localização actual, ou seja, inserida na malha urbana tradicional da Vila das Lajes do Pico, como forma de:
- Dar cumprimento à estratégia e objectivos de desenvolvimento e ordenamento prosseguida pela Câmara Municipal, no sentido de evitar o esvaziamento funcional do centro tradicional da sede de concelho;
- Dar cumprimento à estratégia e objectivos da Escola, no sentido de proporcionar melhores condições para a sua integração na comunidade.

A decisão de instalação do principal equipamento escolar do concelho no exterior do núcleo tradicional da Vila das Lajes do Pico, poderá contribuir decisivamente para a morte funcional da sede de concelho e para uma menor capacidade de integração da Escola no meio.
Esta posição é consubstanciada pela demonstração da exequibilidade da construção de uma nova Escola no mesmo local e sem pôr em causa o funcionamento da actual durante a construção.
A necessidade de reorganizar toda a frente marítima proporcionou o argumento para que o novo edifício perdesse o ar compacto e dissonante em relação à envolvente; assim, optou-se por fragmentar a construção permitindo a criação de espaços / praças públicas e circulações entre os edifícios, adaptando melhor o conjunto à tipologia do sítio.
Com esta solução é possível utilizar o parque de estacionamento a Oeste e a área de construção afecta à “Mobiliadora Lajense” (a adquirir pela Secretaria Regional da Educação) para a construção da 1ª fase.
Logo que esta fase esteja concluída, as novas fases (mais duas) irão progressivamente substituir o edifício existente.
Esta proposta tem obviamente em conta o programa funcional para a nova Escola, deixando no entanto as áreas desportivas para outros espaços existentes na vila de forma a garantir a sua utilização pela comunidade e a plena integração da Escola no meio, situação que à escala da Vila das Lajes, longe de trazer inconvenientes (insegurança, logística), se considera mais adequadas para a revitalização da urbe e para a formação dos jovens.
Maio, 2005
Nuno Ribeiro Lopes, Arq.