sexta-feira, dezembro 29, 2006

Aeroporto do Pico


A FALHA
Aeroporto do Pico ainda não tem voos nocturnos

«O novo sistema de iluminação da pista do aeroporto do Pico, instalado no Verão, continua sem estar certificado pelo Instituto Nacional de Aviação Civil, o que impede voos comerciais para a ilha durante a noite. Fonte da transportadora Sata Air Açores, que gere o aeroporto, adiantou que os técnicos da empresa responsável pela instalação do sistema "detectaram falhas numa das cabeceiras da pista", situação que ainda não está resolvida. Só depois de reparadas as falhas é que uma equipa de inspectores daquele organismo se deslocará ao Pico e realizará um voo de teste para certificar a nova iluminação. Durante a época de Natal, alguns voos provenientes de São Miguel e da Terceira com destino ao Pico foram cancelados, inicialmente devido às más condições climatéricas e, mais tarde, por falta de iluminação da pista. Por inaugurar está também a nova aerogare do Pico, operacional desde Maio de 2006, mas ainda a funcionar de forma provisória, devido à ausência de alguns equipamentos, como balcões de check-in, passadeiras para bagagem e raios-x. Alguns destes equipamentos já chegaram à ilha, mas só deverão ser montados em Janeiro e começar a ser utilizados em Fevereiro. A nova aerogare custou aos cofres da região cerca de 5,5 milhões de euros, mas, apesar de já estar a funcionar há sete meses, ainda não foi inaugurada, por não estar totalmente operacional.»
jornal Público, sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Cantata de Natal













O
Grupo Coral das Lajes do Pico apresenta dia 30,
pelas 20,30 horas, na igreja Matriz das Lajes,
mais uma tradicional
Cantata de Natal. A não perder.

domingo, dezembro 24, 2006

Boa Festas


DESEJAMOS A TODOS UM FELIZ NATAL E UM EXCELENTE 2007!

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Partem os melhores de nós

Faleceu ontem de manhã a fotógrafa Lúcia Vasconcelos. Uma artista sensível, obstinada no rigor, de uma humanidade tocante.

Incansavelmente fotografou a nossa terra, em especial as Festas do Divino Espírito Santo e a Semana dos Baleeiros. Por isso, os lajenses estão de luto.


Em Maio deste ano, a Câmara das Lajes promoveu a sua última exposição, na Galeria Municipal. Lembramos aqui os textos do Catálogo:

Há cerca de seis anos aceitei um convite para fotografar as festividades do Espírito Santo nas Lajes do Pico.

Já em 1998 tinha tentado iniciar um projecto idêntico no continente; desisti, porém, ao fim de algum tempo, pois apenas encontrei vestígios da sua grandiosidade no passado.

Não tinha eu buscado sem encontrar? Não tinha eu desistido?

E agora, não me procuravam para provar que o culto ao Divino Espírito Santo existia, estava bem vivo, pertencia ao presente e, desta ilha pequena, continuava a perpetuar-se em terras longínquas?

Qualquer coisa de sobrenatural aconteceu, qualquer coisa que me envolveu profundamente com esta montanha mágica, com o culto ao Divino Espírito Santo. Nunca, mas nunca, vou acreditar que tudo tivesse sido um puro acaso…

Lucia Vasconcelos

A programação de 2006 da Galeria Municipal das Lajes do Pico não poderia abrir de melhor maneira. No tempo, porque a exposição abrange ainda as Festividades do Espírito Santo. Com arte, porque é disso que se trata no trabalho rigoroso e sensível de Lucia Vasconcelos, a ultrapassar o mero registo e a ambicionar ser uma arte que procura ir mais além... E, em particular, pela amizade que une uma pessoa a uma terra e às suas devoções – uma terra ganha felicidade com as pessoas que a amam.

Por tudo isto, é com muito prazer e orgulho que recebemos Em Nome do Espírito Santo de Lucia Vasconcelos na nossa Galeria.

Presidência da Câmara Municipal das Lajes do Pico | Maio de 2006


Ainda este ano, a Câmara editou uma colecção de postais com fotografias suas (estão na loja do Forte de santa Catarina).

terça-feira, novembro 28, 2006

Palavras de poetas (#07)

poema

Tu estás em mim como eu estive no berço

como a árvore sob a sua crosta

como o navio no fundo do mar

MÁRIO CESARINY, Pena Capital, Assírio & Alvim, 1982

Morreu o poeta, viva o poeta!


O adeus ao poeta surreal
Alexandre Costa

Partiu este fim-de-semana um dos expoentes máximos do surrealismo português. Aos 83 anos, o poeta e pintor, Mário Cesariny, faleceu na madrugada de domingo, em sua casa, devido a um cancro na próstata. O seu corpo está em câmara ardente no Palácio Galveias, no Campo Pequeno, de onde partirá às 14h para o Cemitério dos Prazeres.

Várias figuras de Estado e da Cultura portuguesa têm marcado presença nas cerimónias fúnebres. O poeta e deputado socialista, Manuel Alegre, qualificou Cesariny como “um homem livre”, “um dos maiores portugueses de sempre” com “uma voz única que ficará para sempre na História”. Na sua mensagem de condolências à família, o Presidente da República, Cavaco Silva, disse que Cesariny foi “um dos nomes cimeiros da cultura portuguesa no século XX”. A Câmara de Lisboa anunciou que irá dar o seu nome a um equipamento cultural relevante.

Mário Cesariny de Vasconcelos, nascido em Lisboa a 9 de Agosto de 1923, de pai beirão e mãe castelhana, foi sobretudo conhecido pela sua obra poética, mas foi também romancista, ensaísta e pintor.

Da sua extensa obra literária destaca-se o trabalho de antologista, compilador e historiador (polémico) das actividades surrealistas em Portugal, sendo também a sua obra poética considerada um dos mais ricos e complexos contributos para a história da poesia portuguesa contemporânea.

Entre as suas inúmeras obras, destacam-se títulos como "Corpo Visível" (1950), "Manual de Prestidigitação" (1956), "Pena Capital", "Nobilíssima Visão" (1959), "Antologia Surrealista do Cadáver Esquisito" (1961), "A Cidade Queimada" (com arranjo gráfico e ilustrações de Cruzeiro Seixas, 1965), "Burlescas, Teóricas e Sentimentais " (1972), "Primavera Autónoma das Estradas" (1980), "O Virgem Negra. Fernando Pessoa Explicado às Criancinhas Nacionais Estrangeiras por M.C.V." (1989) e "Titânia" (1994).

Em 2005 foi distinguido com o Grande Prémio Vida Literária APE/CGD e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

REACÇÕES

“O último representante da plêiade de grandes poetas portugueses que marcaram o século XX”.
Fernando Cabral Martins, escritor e professor de Literatura

“Extremamente subversivo”, escrevia “com uma grande clareza e delicadeza, que não ocultava por vezes uma grande violência”.
Baptistas Bastos, jornalista e escritor

“Um príncipe” com uma “absoluta nobreza de carácter”.
Bernardo Pinto de Almeida, poeta, professor e critico de arte

“Um homem que não receava enfrentar os códigos. Um espírito livre, que sofreu mesquinhez que abunda na sociedade portuguesa, com a intolerância política e a rigidez moral”.
Arnaldo Saraiva, professor de Literatura

"Um surrealista vital", com uma vida feita de "insubmissão, desassombro e risco".
José Manuel dos Santos, amigo de Cesariny

“Viveu a vida como uma oportunidade única, ao mesmo tempo com riso e desdém”.
Manuel António Pina, poeta e cronista

"Lisboa perdeu um dos seus grandes cultores", marcado pela "inquietude criativa".
Carmona Rodrigues, presidente da Câmara de Lisboa

Jornal Expresso, 27 de Novembro de 2006

segunda-feira, novembro 27, 2006

Mozart nas Lajes do Pico


Na Igreja Matriz, dia 1 de Dezembro, pelas 15 horas: Requiem de Mozart, com interpretação do Coral de São José. O Coral é acompanhado pela Orquestra Açores Camerata, com 4 solistas internacionais e Direcção do Maestro Walter Kobera (Director da Ópera Nova de Viena). Esta iniciativa integra-se nas Comemorações dos 250 anos do nascimento de Mozart.

sábado, novembro 25, 2006

Intelectuais contra TLEBS

Vasco Graça Moura, José Saramago e Eduardo Prado Coelho, entre outros intelectuais e professores, entregaram um abaixo-assinado à ministra da Educação. O documento pede a suspensão “imediata” da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS). Consideram-na “incorrecta e abstrusa” e a sua aplicação “terá gravíssimas consequências para o país”.
(jornal Expresso, 25 de Novembro de 2006)

quinta-feira, novembro 23, 2006

Palavras de poetas ( # 02 - rectificado)

Viola d'África
amigo a tua viola é o que resta
das papoilas e das rosas dum país
enches as noites africanas com acordes
de cravos e de cardos e lentamente uma serpente

de saudade
vai-te cercando o corpo
lentamente.

percorres a tua escala de ausência
na melodia em tom menor
com que se escrevem temas de exílio
solidão cansaço.

e o teu canto é um uivo agourento
e branco
atirado à lua
sob este céu que não foi nunca de Janeiro.

Urbano Bettencourt, in Marinheiro com residência fixa

Caros conterrâneos-em-blogue,
Surpreendido e agradecido com a publicação do meu texto em Outubro (e que só agora descobri, ao mesmo tempo que o vosso blogue, que tenho andado a consultar).
Gostaria, porém, de chamar a atenção e pedir que, se possível, corrigissem um lapso na segunda estrofe: onde está "Vai-se cercando" deveria estar "Vai-te cercando", que é a construção que faz sentido ali. O lapso vem, creio eu, desde a Antologia organizada por Ruy Galvão de Carvalho e tem-se multiplicado, biblicamente; mas se formos quebrando a cadeia (o Luís Bettencourt já o fez na Praia da Vitória), pode ser que um dia se consiga encontrar só a versão correcta.
Cumprimentos e votos de continuação
Urbano Bettencourt

terça-feira, novembro 14, 2006

Palavras de poetas (#06)

Soneto de identidade

"Chamo-me Pedro, sou Silveira e sou
também Mendonça: um tanto duro, como
Pedro é pedra; picante agudo assomo
de silva dos silvedos — não me dou

Raiz flamenga, já se sabe; e um gomo,
no fruto, castelhano. E assim bem pou-
co, pois, que doce me passara à ou-
tra pátria (língua?) que me coube e tomo.

Ainda Henriques (alemão? polaco?)
e outros cognomes mais: espelho opaco
de errâncias várias, que mal sei (desfaço,

talvez por isso, no que faço.) Ilhéu
da casca até ao cerne — e lá vou eu,
sem ambição maior que o livre espaço".

Pedro da Silveira, em Poemas ausentes, O Mirante, 1999: 14

(os nossos vizinhos do lado publicam post sobre este grande poeta florentino; o Boletim Municipal das Lajes do Pico dedicou-lhe em 2004 [nº 11] uma recensão, «O último porto da memória», por Inês Dias, republicado na revista Magma [nº 1], na Separata com textos daquela autora: «À Flor do Mar», Lajes do Pico, Dezembro de 2005)

segunda-feira, novembro 13, 2006

Não estamos (?) em período eleitoral


Carlos César, na sua qualidade de Presidente do Governo Regional, dispensou ao Jornal do Pico uma longa entrevista (edição do dia 10 de Novembro, 1ª página – “chamada” a ¾ – e pgs. 6 a 9). Merece, naturalmente, leitura atenta e respostas várias. Para já, da nossa parte: (1) cremos que a população do Pico só pode ficar satisfeita por ler que o Presidente do seu Governo Regional considera que «O Pico tem reservas de energia e de confiança das melhores que nós temos nos Açores.» É verdade, senhor Presidente. Mas não lhe fica bem, dizemos nós, considerar que tal se deve aos seus Governos – é obra de cidadãos em instituições públicas e privadas, Autarquias, Governos; não estamos (?) em período eleitoral. (2) O (já célebre) novo Aeroporto do Pico: o Governo não tem poderes para dialogar com a TAP e a SATA? Então, por que é que decidiu (sozinho?) alargar a pista, construir a nova gare? Para brincar com a gestão dos dinheiros públicos? Talvez quando estivermos mais perto das eleições venha a dizer que estava tudo previsto e planeado desde a primeira hora… (3) É má educação dizer: «Eu creio que os presidentes da câmara do Pico, para além dessas alturas eleitorais, têm sempre uma hora de ouro que é a que se sucede às visitas estatutárias anuais onde gostam de falar contra o Governo, mas no dia seguinte já nos telefonam a dizer que está tudo bem e que querem colaborar.» Má educação, senhor Carlos César; má educação e falta de tacto político: lembre-se dos períodos eleitorais, aqueles onde até pelas autarquias o senhor dá a cara.

sábado, novembro 11, 2006

Pico indizível


(José Augusto Soares enviou-nos esta incrível imagem da Montanha do Pico. Obrigada)

Fábrica da Baleia SIBIL

Antiga Fábrica da Baleia SIBIL:


ex-libris da Vila Baleeira renasce.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Há mais vida além dos blogues… (01)

Vários são os blogues que se dedicam mais ou menos exclusivamente às terras açorianas; são vários, de diversas “tendências”, temáticas e atitudes, desde os de simples divulgação local até aos que fedem do produto de más digestões… políticas.
Fizemos umas pesquisas e uns cálculos (com o rigor possível, não certamente o desejável, mas mesmo assim com alguns dados concretos), que nos dizem que os blogues que se dedicam com maior peso aos assuntos de um dado concelho, terão, numa semana regular, cerca de 25 Visitantes diários em média (os que “retornam” são em número ligeiramente superior aos de “Primeira Vez”). Não é fácil saber – a não ser com “contadores” profissionais, o que não acontece com nenhum dos que conhecemos – não é fácil saber, dizíamos, quantos abandonam ou voltam muito tempo depois, etc.; e também não se sabe quem se “fideliza” e quem não o faz, etc.
De qualquer modo, é fácil perceber que o número real de visitantes é extremamente baixo: nada do que se compare aos cerca de 5.000 exemplares semanais dos 3 jornais da ilha do Pico, por exemplo, que têm, além do mais, leituras acrescidas (clubes e associações, grupos da imigração, etc.). Alguns autores que se dedicam à análise do fenómeno mundial da blogosfera, identificaram uma característica interessante que marca muitos blogues pessoais: os seus autores iludem-se com o feed-back e alimentam sonhos megalómanos de se tornarem vedetas jornalísticas ou televisivas – ou, em casos de doença extrema, aspirarem a tornar-se figuras públicas, com direito a candidatarem-se a presidentes de câmara & afins… Quando “vale tudo menos tirar olhos”, talvez já nem os “olhos” se salvem…

Há mais vida além dos blogues… (02)

Em muita imprensa (local, regional e nacional), alguns autores de blogues e as próprias redacções procuram fazer no “papel” a ampliação” do que se escreve (tantas vezes tão mal…) nos blogues – ampliando, desta maneira, tantas vezes, a “cultura do mexerico e da difamação”; esta cultura, funciona assim: alguém afirma (de preferência anonimamente) que fulano de tal é corrupto ou tem preferências sexuais fora da norma; o que é que aconteceria numa situação saudável? O autor dessas afirmações teria de o provar ou apresentar imediatamente um pedido formal de desculpas ao visado – além de se colocar automaticamente sob a alçada da justiça. Mas não: nos tempos que correm, quem é difamado é que tem de se esforçar em apresentar (publicamente) a sua”inocência”, como se o acusador anónimo tivesse força de lei; quem se lembre um pouco da história (negra) da Inquisição, saberá que esse era o procedimento normal de quem se queria ver livre de inimigo ou concorrente: fazia a “denúncia” anónima e era o “acusado” que teria de se ver em papos de aranha para provar o que ele muitas vezes nem sequer sabia de que era acusado. Talvez melhor do que ninguém, Franz Kafka nos fez ver este procedimento com o seu K. em O Processo – livro que vivamente se aconselha a ler ou a reler…

quinta-feira, novembro 09, 2006

Cutileiro



Cutileiro nas Lajes do Pico
(Galeria Municipal): desenhos e esculturas.
De 10 de Novembro a 5 de Janeiro de 2007

ANTOLOGIA (#05)



A CRISÁLIDA, CALHETA DO NESQUIM

«[...] Mas Manuel Costa detesta que se façam grandes elevações e heroísmos à volta dos baleeiros. Porque eram quase escravos do armador, a soldada só a recebiam quando o óleo da baleia estava todo vendido. Que mais podiam fazer? Ir ao mar ou acabar de fome e o cachalote, “a nossa baleia”, aparecia ao calhar. Às vezes levava um mês e eles esperavam colados à muralha do cais, no “banco da preguiça”. Os homens não podiam desviar-se muito, só autorizados pelo agente da armação em que arriavam. No Inverno, a braveza do mar reduzia as hipóteses, o peixe apodrecia se não fosse escalado, era preciso vendê-lo nos arredores, muitas vezes às costas, trigo, milho ou ovos eram nesse tempo moeda de troca principal. Quando o vigia accionava a buzina e mais tarde o foguete-bomba largavam tudo, fosse o que fosse, estivessem onde estivessem. Quantas vezes os vapores do continente, o “Lima”, o “Carvalho Araújo”, escala em S. Jorge duas vezes por mês, ficaram a meio da descarga porque os baleeiros ouviam de repente o grito “baleia, baleia”. Os agentes rejeitavam-nos por isso e quem não tinha terra estava feito. Não havia remédio senão a busca dos States, correndo riscos, perigos altos, enganados pelos passadores tantos ficaram sem dinheiro e nenhuma esperança. Metiam-se mar fora e acontecia: ao chegarem junto do barco combinado os de dentro cortavam-lhes as mãos. Contam-se aventuras piores e destas memórias vivem todos, são a sua casa quando lá não estão.»
[...] A caça da baleia fechou em 1987, a miséria foi-se extinguindo com o dinheiro emigrado e a mudança para a pesca do atum, o albacora. O Pico é uma reserva, recolhem-se preciosos vestígios de uma civilização a esfumar-se. Mas a guerra acabou, resta apenas o palco dessa luta, alguns sobreviventes e poucos cetáceos.»

(Fátima Maldonado (com António Pedro Ferreira, fotografia), Lava de Espera, Câmara Municipal das Lajes do Pico, 1996: 10-11)

sábado, novembro 04, 2006

LAJES DO PICO - Um ano de realizações (1/3)

Do jornal O Dever - Página Autárquica - com a devida vénia:

No dia 1 de Novembro do ano passado tomou posse o Executivo da Câmara.
Agora, 12 meses depois, como prometemos, damos conta do trabalho realizado.
Como se vê aqui, são inúmeras as obras concretizadas, em fase de concretização ou com projectos de concretização a curto e médio prazos. Algumas das obras terminadas tiveram início neste mandato, outras são de continuidade do nosso trabalho anterior.
Algumas obras e projectos são muito visíveis para todos. Outras, são pouco visíveis mas são igualmente indispensáveis à boa qualidade de vida da população. São muitas e muitas horas de trabalho constante para o bem de todos.
Muitas obras, muitas iniciativas, muitas actividades – e o apoio constante a todos as associações, escolas, entidades de todo o tipo que no Concelho trabalham em prol da comunidade.
Vamos continuar a trabalhar.

Sara Santos
Presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico


OBRAS
Concluídas:

- Forte de Santa Catarina: Posto de Turismo e Zona de Lazer
- Balneários das Pontes (Pontas Negras, Ribeiras) - Delegação de Competências na Junta de Freguesia
- Zona de Lazer das Areinhas (S. João) - Delegação de Competências na Junta de Freguesia
- Sede da Junta de Freguesia das Lajes do Pico
- Largo Edmundo Machado Ávila (Cruzeiro): remodelação
- Escola Básica/Jardim de Infância da Vila
- Piscina Municipal de Santa Cruz das Ribeiras
- Sede da Junta de Freguesia das Ribeiras
- Largo de S. Bárbara, Ribeiras (arranjo geral e iluminação)

Iniciadas e em execução:
- Fábrica da Baleia SIBIL: Centro de Artes e de Ciências do Mar
- Campo Municipal de Jogos
- Parque de Campismo: melhoramentos (muros em pedra, acessos e equipamentos de apoio)
- Biblioteca Municipal/Sala de leitura de adultos: remodelação
- Zona de Lazer da Manhenha (Piedade)
- Electrificação e iluminação pública do largo de S. Martinho, nas Canadas (Calheta de Nesquim)

Elaboração de projectos com vista a execução próxima:
- Empreitada de grande reabilitação da Rede Viária em todo o Concelho
- Parque de Estacionamento da Vila
- Projectos de especialidades do Passeio Marítimo
- Reabilitação da Escola do 1º Ciclo de S. João
- Reabilitação e ampliação da Escola do 1º Ciclo da Piedade e construção de Pavilhão Desportivo
- Salão-Sede da Filarmónica União Musical da Piedade
- Zona de Lazer do Poço da Arruda, São João (beneficiação geral)
- Jardim de Santa Cruz, Ribeiras (remodelação)
- Candidatura à DROAP da Sede da Junta de Freguesia da Calheta de Nesquim (reabilitação e adaptação de imóvel)
- Candidatura à DROAP da Sede da Junta de Freguesia da Ribeirinha (nova construção)
- Candidatura à DROAP da Sede da Junta de Freguesia da
Piedade (reabilitação e adaptação de imóvel)
- Projectos de especialidades do Teatro Municipal

GESTÃO MUNICIPAL
- Constituição de uma Empresa Municipal (equipamentos turísticos, desportivos, recreativos, culturais, ambientais e habitacionais)
- Plano de Pormenor da Vila (permitirá o enquadramento de outros projectos planeados: Jardim Público da Vila, Mercado Municipal, iluminação pública, ordenamento do trânsito, entre outros)
- Desenvolvimento e consolidação do Sistema de Contabilidade de Custos e Controlo Interno
- Ligação em rede do edifício dos Paços do Concelho e Armazéns da Câmara
- Diagnóstico da Rede informática
- Continuação do Projecto Açores Digital
- Candidatura ao GABITEC III (para funcionamento do SIG - Sistema de Informação Geográfica)

LAJES DO PICO - Um ano de realizações (2/3)

SERVIÇOS URBANOS, AMBIENTE E SANIDADE
- Baixadas de abastecimento de água para consumo doméstico (novas, transferências e restabelecimentos): 78
- Introdução do sistema de desinfecção de água para consumo humano (5 postos de cloragem)
- Aumeno da rede de abastecimento de água numa extensão de 1.720 metros: Caminho do Engenho, Ribeirinha; Travessa do Caminho do Capitão, Santa Bárbara, Ribeiras; Caminho de Cima, Manhenha, Piedade; Caminho do Mourro, Piedade; Caminho da Terra da Cova, Piedade; Canada das Vinhas, Silveira, Lajes
- Substituição de bomba submersível no furo RR0
- Abastecimento de água ao novo Matadouro do Pico
- Manutenção e conservação de diversos reservatórios do Sistema de Abastecimento de Água
- Reparação de diversas avarias na Rede de Distribuição de Água
- Instalação de equipamento metalo-mecâncio no furo JM e ligação do RL5 à Rede de Distribuição
- Alteração do traçado da conduta de distribuição de água na Ribeira Funda, Ribeirinha
- Elaboração e aprovação do Regulamento Municipal do Serviço de Abastecimento de Água
- Manutenção da rede viária: construção de diversos poços e sarjetas para escoamento de águas pluviais e remendagens asfálticas em todas as Freguesias do Concelho
- Construção de muros e colocação de 200 metros de balaústres em caminhos municipais, em Delegação de Competências nas Juntas de Freguesia: Ribeirinha: Canada da Tenda, Caminho Novo; Piedade: Caminho do Miradouro, Passos Novos, Ramal da Manhenha, Caminho de Cima da Rocha no Cais do Galego, Caminho da Engrade e Caminho da Zona Balnear do Calhau; Calheta de Nesquim: Caminho da Cascalheira e rua das Canadas; Ribeiras: Canada do Mar, Caminho da Cruz e Caminho de Baixo; S. João: Caminho do Poço da Arruda e alargamento do Caminho do Mato.
- Reconstrução de muros em arruamentos da Vila (rua Família Xavier, rua Manuel Paulino de Azevedo e Castro, rua Padre Manuel José Lopes)
- Pavimentação de passeio em calçada na Vila (rua dos Baleeiros)
- Pequenas reparações em pavimentos de calçada na Vila
- Início de construção de muros no Parque de Estacionamento da Vila
- Tratamento de bermas, muros e acessos no Caminho da Almagreira, Lajes
- Obras de beneficiação da Zona balnear da Poça das Mujas (Calheta de Nesquim)
- Introdução da recolha selectiva de resíduos
- Introdução da recolha semanal de “monstros” e sucatas
- Construção de silos para deposição transitória dos resíduos (vidro e plástico) provenientes da recolha selectiva
- Colocação de papeleiras na Vila e em várias pontos do Concelho
- Embelezamento de jardins e espaços públicos em diversos locais do Concelho (flores)
- Colocação de suportes de segurança dos contentores de recolha de resíduos (com a colaboração das Juntas de Freguesia)
- Manutenção de sanitários públicos (Santa Cruz das Ribeiras e Lajes)
- Manutenção da Zona Balnear da Lagoa (Lajes)
- Instalação de iluminação pública na avenida dos Baleeiros
- Manutenção do parque escolar do 1º Ciclo e Pré-Escolar (pequenas reparações em todas as Escolas e pintura das Escolas da Silveira e das Ribeiras)
- Manutenção do parque de máquinas
- Manutenção de edifícios municipais (pintura da fachada do Convento de S. Francisco, pintura da antiga Central Eléctrica, pintura de reservatórios de água, e pequenas intervenções)

COLABORAÇÕES COM ADMINISTRAÇÃO CENTRAL E REGIONAL
- Limpeza de “crude” no Porto da Baixa da Ribeirinha (com Delegação Marítima do Pico)
- Cedências do cilindro pequeno (SRHE - Secretaria Regional de Habitação e Equipamentos)
- Cedência de camiões de carga com condutor em intervenções na Estrada Transversal (SRHE)
- Cedência de camioneta com balde ao Serviço de Conservação da Natureza
- Apoio às obras de remodelação da Repartição de Finanças das Lajes

APOIOS A INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS
- Limpeza com jacto de areia no Passal da Ribeirinha, Capela do Divino Espírito Santo na Ribeira do Meio (Lajes) e Igreja de S. João
- Pintura de portas e janelas da Ermida de S. Pedro
- Apoio financeiro à recuperação das Capelas do Divino Espírito Santo na Ribeira do Meio e em Santa Cruz das Ribeiras; apoio financeiro à recuperação do Passal da Ribeirinha

APOIOS E SUBSÍDIOS A ASSOCIAÇÕES E ESCOLAS
- Actividade das Filarmónicas e Grupos Desportivos
- Intercâmbios das Filarmónicas Lira Fraternal Calhetense, Recreio Ribeirense e Liberdade Lajense com congéneres do Continente (50% do custo das passagens aéreas)
- Filarmónica Liberdade Lajense: projecto de ocupação de tempos livres de jovens (sala de jogos, sala de informática e bar: apoio de 12.000 euros)
- Transporte das Filarmónicas concelhias para as festas tradicionais realizadas no Concelho
- Festa da Filarmónica Lira Fraternal Calhetense
- Gravação de um CD da Filarmónica Recreio dos Pastores (para o Centenário a comemorar em 2007)
- Transporte de idosos dos Centros de Convívio
- Combustível para apoio de actividades associativas a várias instituições do Concelho
- Apoio a obras nas Sedes do Centro Social, Cultural e Recreativo da Almagreira, da Irmandade do Divino Espírito Santo da Companhia de Cima (S. João), da Sociedade Ninho de Águia (Baixa da Ribeirinha), da Sociedade Recreativa Alegria no Campo (Terras) e da Liga dos Amigos da Manhenha
- Grupo de Jovens da Silveira
- Grupos de Fantasias da Ribeira do Meio, de Santa Cruz e da Manhenha
- Danças de Carnaval de S. João, da Calheta de Nesquim e da Piedade
- Combustível para as lanchas baleeiras – Rosa Maria (Museu dos Baleeiros), Cigana (Clube Náutico das Lajes), Açoriana (Junta de Freguesia das Ribeiras) e Medina (Junta de Freguesia da Calheta) – para a realização de Regatas
- Prémios aos Melhores Alunos dos 2º e 3º Ciclos e Secundário
- Contribuição nos Prémios Rotary Club aos melhores alunos do Pico
- Parceria da CMLP com a ADJ e Junta de Freguesia para instalação do novo Clube de Informática da Ribeirinha
- Actividades Escolares (Jovens Repórteres para o Ambiente, Jogos Desportivos Escolares, Campeonato de Jogos Matemáticos, viagens de estudo a Londres e a Barcelona, Projectos Eco-Escola, Associação de Pais, Projecto Comenius, Projecto Arion e Projecto Vila sem Carros)
- Distribuição da alimentação às Escolas do 1º Ciclo/JI
- Apoio ao Ensino Artístico
- Pagamento das Bolsas de Estudo do Ano Lectivo 2005-2006

LAJES DO PICO - Um ano de realizações (3/3)

ACTIVIDADES DE CULTURA, DESPORTO E RECREIO
- VIII edição do Festival Baleia de Marfim (com a Associação Terra Baleeira)
- Apoio ao Estágio anual da Orquestra Sinfónica Juvenil de Lisboa
- Organização da Regata Terra Baleeira
- Semana dos Baleeiros 2006 (com a Associação Terra Baleeira)

Espectáculos e outros eventos
Organização CMLP

- Vitorino e Zé Carvalho, no Auditório Municipal
- Duo Paganini, no Auditório Municipal
- Eurico Rosado (piano), no Auditório Municipal
- Bandamo Trio (membros da Orquestra de Berlim), no Auditório Municipal
- Coro dos Antigos Orfeonistas de Coimbra, na Sede da Filarmónica Liberdade Lajense.
- Soprano Luísa Alcobia, no Auditório Municipal
- Filarmónica Recreio dos Pastores, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Teatro de rua com o Grupo de Teatro do Arado, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Banda Mamarrosa, de Oliveira do Bairro, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Grupo de Acordeonistas de Távora, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Filarmónica Liberdade Lajense, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Filarmónica União Musical da Piedade, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Filarmónica Lira Fraternal Calhetense, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Filarmónica de Educação Recreio e Beneficência União Ribeirense, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Filarmónica Recreio Ribeirense, no Largo Edmundo Machado Ávila
- Concurso Uma História de Natal (Biblioteca)
- Concurso e Exposição dos Trabalhos Sopro de Primavera (Biblioteca)
- Projecto de promoção da leitura Caixinha de Leitura (Biblioteca)
- Comemoração do Dia da Liberdade
- Comemoração do Dia do Município
- Comemoração do Dia Mundial da Água e da Árvore
- Comemoração do Dia Mundial do Ambiente
- Participação da Vencedora do Festival Baleia de Marfim no Festival Caravela de Ouro da Povoação, S. Miguel
- Conferência Culto ao Divino Espírito Santo no Brasil, por Joi Cletison, no Auditório Municipal
- Busto de Monsenhor Pereira da Silva, junto à Igreja de S. João
- Memorial aos Combatentes, Piedade

Apoiados pela CMLP
- Cantata de Natal 2005 pelo Grupo Coral das Lajes do Pico
- Festa de Natal da Unidade de Saúde da Ilha do Pico
- Projecto Crescer de Mãos Dadas
- Festas de: Santa Bárbara, Nossa Senhora da Conceição (Santa Cruz e Ribeirinha), São Sebastião (Calheta de Nesquim e Ribeira do Meio), São Pedro Gonçalo, Nossa Senhora da Boa Viagem, Festas do Divino Espírito Santo, S. João, Senhora da Piedade (Caminho de Baixo), Senhor Bom Jesus, Festa do Chicharro, S. João Pequenino, Bodo de Leite, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora da Piedade, Festa do Calhau, Festa da Manhenha e Nossa Senhora do Rosário
- Grupo de Teatro Muitieramá
- Grupo de Cantares Trovas do Sul
- Tuna da Casa do Povo das Ribeiras
- Conferência sobre a segurança on-line das crianças, por Tito de Morais
- Jornadas Internacionais de Vulcanologia da Universidade dos Açores
- Lançamento do livro da XII Expedição Científica da Universidade dos Açores
- Apresentação da obra do pintor José Nuno da Câmara Pereira, em colaboração com o Instituto Açoriano de Cultura

Exposições na Galeria Municipal
- Em Honra do Divino Espírito Santo, fotografias de Lucia Vasconcelos
- Pintura de Vitor Boga
- Não perguntes para onde vou..., fotografias de Manuel Ribeiro
- Rendas do Pico: cem anos de memória, da Associação O Alvião

Cinema no Auditório Municipal
- 130 sessões (104 para adultos e 26 para crianças)

EDIÇÕES
- Postal de Natal 2005
- Postal 505 Anos do Município
- Revista Magma nºs 1 (Dezembro de 2005) e 2 (Junho de 2006)
- Boletim Municipal nºs 24 (Dezembro de 2005) a 29 (Outubro de 2006)
- Cartaz de divulgação da exibição cinematográfica
- Agenda de Eventos, 1 (Julho-Setembro)
- Catálogo da Exposição Em Honra do Divino Espírito Santo, fotografias de Lucia Vasconcelos
- Catálogo da Exposição de Pintura de Vitor Boga
- Catálogo da Exposição de Fotografia Não Perguntes para onde vou..., fotografias de Manuel Ribeiro
- Catálogo da Exposição Rendas do Pico: cem anos de memória, da Associação O Alvião
- 2 Colecções de postais (fotografias de Lucia Vasconcelos e Paulo Nuno Silva)
- Salpicos da Vida, livro de Rosário Freitas

TURISMO
- Participação na Bolsa de Turismo de Lisboa 2006
- Edição do Mapa Turístico do Concelho
- Entrada em funcionamento do Posto de Turismo
- Recolha e tratamento de informação para a edição de um Guia de Oferta Turística do Concelho
- Apoio ao Encontro da Associação de Directores de Hotéis de Portugal nas Lajes
- Programa Estagiar L na àrea do Turismo

sexta-feira, novembro 03, 2006

João Cutileiro nas Lajes do Pico


A Câmara Municipal das Lajes do Pico, em parceria com o IAC - Instituto Açoriano de Cultura, apresenta de 10 de Novembro a 5 de Janeiro, na Galeria Municipal das Lajes do Pico, uma importante exposição de escultura com obras de João Cutileiro.
João Cutileiro é uma referência maior da escultura portuguesa, é o grande obreiro da viragem da escultura no nosso país, tendo quebrado com o classicismo estilizado que se vivia no período da ditadura em Portugal, quando a iconografia estereotipada, que resultava das encomendas oficiais do regime, povoava Portugal de “heróis, santos e descobridores”. D.Sebastião, peça sua erigida na cidade de Lagos, em 1973, aquando da comemoração do quarto centenário daquela cidade, representou o momento de viragem da escultura e terá sido uma das obras mais polémicas em toda a história da escultura em Portugal, como refere José Augusto França: “Em 1973 foi possível imaginar o rei «desejado», inquieto e falso herói. A sua figura confessa-o assim, como um fantasma vindo do fundo do tempo, espantalho da história, caricatura do Mito. Boneco dado à nossa piedade e oferecido à nossa meditação... Com isso, uma notável obra da estatuária contemporânea (....), a quebra de uma triste tradição de academismo «modernizado».

quinta-feira, novembro 02, 2006

ANTOLOGIA (#4)


AS FILARMÓNICAS, LAJES DO PICO
«[...] Mas as senhoras de leque espanhol continuam, os vestidos pretos, gargantilha de ouro ou medalhão preso ao fio, sobre ramagens de falsa seda. Sentam-se aprumadinhas nas cadeiras de praia, por cima um anúncio da Oliva, a máquina de costura tradicional que em novas provavelmente desejaram, a escutar as Bandas, fingindo tomar conta das filhas. As netas mal falam português, sem controlo, a maior parte com shorts, moda que em geral transforma os europeus em atrasados ligeiros. Junto delas estão os mais velhos e os inválidos. Outros deambulam, os da segunda geração, iguais, os vídeos pulsando a tiracolo, geométricos nas máquinas, nos calções, uns já de telemóvel. Alguns mantém dignidade, as calças escuras, a camisa branca, só não resistem ao emblema dos bonés americanos. À beira-mar, um molho de raparigas cedeu com certeza a telha das mães, vestidos, rendas e fitas, os cabelos árabes desencalhados e uns rapazinhos que pertencem à Banda atiram pedras fazendo ricochete. No Maria Luna, à entrada da rampa deslizando ao cais, sentam-se meninas, ainda bebés, ostensivamente enfeitadas, as mais carecas não escapam às bandoletas cheias de rufos. Há gelados, frituras, o restaurante da Banda Liberdade de S. Roque do Pico, garagem ou se calhar recolha dos barcos, serve linguiça com inhame, abrótea, raia frita, as lapas. Encostado à porta um rapaz bonito de baça expressão, meias de lã nos pés e as sandálias de couro cruzam na perna. Albarcas como os pastorinhos de barro do presépio, um borrego sempre às costas, por vezes ajoelhavam. De um ano para o outro, na caixa de madeira junto à barba prateada do pinheiro, cheiravam a cedro, ao musgo que enfeitava o ringue do Menino. Em direcção ao carro, estacionado no largo do convento – a igreja segue-o mostrando a pedra ríspida, veias de lava insertas – dois meninos fardados de azul escuro estão ao telefone. Um conserva ainda o clarinete e duas pautas, o outro vai discando. Revirara o boné mas o risco mantinha-se na testa suada. Riram-se imenso quando o António Pedro começou a disparar.»

(Fátima Maldonado (com António Pedro Ferreira, fotografia), Lava de Espera, Câmara Municipal das Lajes do Pico, 1996: 15

Palavras de poetas (#05)


«Sobre ti que posso saber além
do que me dizem os sentidos
e os sentimentos que deles retiro
para chegar a esse ponto fulgurante
e ácido
onde aprendemos a brevidade da vida
e a maior brevidade – e mais escura –
do amor?»

Joaquim Manuel Magalhães
, Uma Luz com um Toldo Vermelho [1990: 32]

quarta-feira, novembro 01, 2006

Escola da Vila (#02)

Localização da Escola Básica Integrada/Secundária das Lajes do Pico


A evolução populacional registada nas Lajes do Pico ao longo do último século, ilustra a queda de centralidade do concelho no âmbito insular, com as consequentes quebras a nível económico e demográfico.
A Vila das Lajes, embora beneficiando do fenómeno de urbanização comum a todo o território a partir dos anos 50 do passado século, não deixa de perder população, quebra esta que se mantém com significado até aos nossos dias.
Segundo o último Recenseamento Geral da População, o núcleo tradicional da Vila das Lajes do Pico, contabilizava em 2001 um total de 490 habitantes.
Tendo em conta a necessidade de vivificação da zona central das Lajes do Pico, que tem vindo progressivamente a perder população em detrimento da envolvente directa da Vila, onde a disponibilidade de espaço proporciona, em alguns casos, condições mais fáceis para instalação quer de habitações quer de serviços e equipamentos, a Câmara Municipal vem e pretende continuar a desenvolver uma política que permita a inversão desta tendência.
Efectivamente a manutenção da centralidade do núcleo tradicional das Lajes do Pico, constitui a única forma de manter o seu carácter urbano, impar no âmbito da Ilha do Pico.
Daí que a Câmara Municipal considere, como um dos objectivos estratégicos do Plano de Pormenor para a Vila, actualmente em elaboração, a necessidade de “Promover a instalação na Vila do principal equipamento colectivo e social do concelho e criar condições para a instalação de comércio e serviços”.
Neste contexto, a manutenção da Escola no interior da Vila constitui um objectivo municipal tido como fundamental para o desenvolvimento e ordenamento concelhios.
A Escola é hoje o segundo empregador do concelho, a seguir à Câmara Municipal, sendo, para além disso, o destino dos mais intensos fluxos diários de população no âmbito concelhio, e só por aí se pode verificar a sua importância enquanto pólo de atracção à escala municipal.
A Escola retira também vantagens da sua integração na malha urbana:
- Proximidade a outros serviços;
- Melhores condições de acessibilidade dada a centralidade da localização;
- Sinergias derivadas da proximidade a outros locais da vivência urbana das Lajes;
- Proximidade ao local de trabalho de pais e encarregados de educação, uma vez que a Vila se mantém como principal pólo empregador do concelho.

No seu Plano Pedagógico (elaborado em 2000) a Escola diagnostica como “um dos principais problemas a falta de motivação da Comunidade Educativa derivada da forma como a Escola está afastada do Mundo”. A estratégia apontada é evidentemente a sua ligação à comunidade e a “priorização dos focos (úteis) motivadores da tradição”. A localização da Escola no núcleo central das Lajes do Pico, é bastante vantajosa neste sentido, uma vez que proporciona uma maior proximidade às actividades económicas desenvolvidas no concelho e aos equipamentos culturais que albergam o repositório das respectivas tradições etnográficas, económicas e culturais.
Defende-se, desta forma, a instalação da Escola na sua localização actual, ou seja, inserida na malha urbana tradicional da Vila das Lajes do Pico, como forma de:
- Dar cumprimento à estratégia e objectivos de desenvolvimento e ordenamento prosseguida pela Câmara Municipal, no sentido de evitar o esvaziamento funcional do centro tradicional da sede de concelho;
- Dar cumprimento à estratégia e objectivos da Escola, no sentido de proporcionar melhores condições para a sua integração na comunidade.

A decisão de instalação do principal equipamento escolar do concelho no exterior do núcleo tradicional da Vila das Lajes do Pico, poderá contribuir decisivamente para a morte funcional da sede de concelho e para uma menor capacidade de integração da Escola no meio.
Esta posição é consubstanciada pela demonstração da exequibilidade da construção de uma nova Escola no mesmo local e sem pôr em causa o funcionamento da actual durante a construção.
A necessidade de reorganizar toda a frente marítima proporcionou o argumento para que o novo edifício perdesse o ar compacto e dissonante em relação à envolvente; assim, optou-se por fragmentar a construção permitindo a criação de espaços / praças públicas e circulações entre os edifícios, adaptando melhor o conjunto à tipologia do sítio.
Com esta solução é possível utilizar o parque de estacionamento a Oeste e a área de construção afecta à “Mobiliadora Lajense” (a adquirir pela Secretaria Regional da Educação) para a construção da 1ª fase.
Logo que esta fase esteja concluída, as novas fases (mais duas) irão progressivamente substituir o edifício existente.
Esta proposta tem obviamente em conta o programa funcional para a nova Escola, deixando no entanto as áreas desportivas para outros espaços existentes na vila de forma a garantir a sua utilização pela comunidade e a plena integração da Escola no meio, situação que à escala da Vila das Lajes, longe de trazer inconvenientes (insegurança, logística), se considera mais adequadas para a revitalização da urbe e para a formação dos jovens.
Maio, 2005
Nuno Ribeiro Lopes, Arq.

terça-feira, outubro 31, 2006

Escola da Vila (# 01)

Damos sequência à (re)publicação de matéria de interesse do último Boletim Municipal das Lajes do Pico. Desta vez, sobre a Escola EB2,3: o parecer da Comissão de Acompanhamento do Plano de Pormenor das Lajes.
Amanhã, o parecer técnico do arquitecto Nuno Lopes: este parecer, foi apresentado e aprovado pelo actual e anterior Executivo como documento orientador da Câmara neste assunto.

Plano de Pormenor das Lajes
O Plano de Pormenor das Lajes continua em desenvolvimento. No dia 28 de Agosto, teve lugar a segunda reunião da Comissão de Acompanhamento. Estiveram presentes todos os seus membros e elementos da Câmara que prestam apoio à Comissão.

Presenças
COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO

Sara Santos – Presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico
Jason Meneses – Vice-Presidência do Governo Regional
Isabel Castanho – Secretaria Regional do Ambiente e do MarÂngelo Regojo Santos – Direcção Regional da Cultura
Manuela Lara – Direcção Regional do Turismo
EQUIPA DO PLANO DE PORMENOR
Equipa fixa:
Nuno Lopes (arquitecto, coordenador do Plano)
Ruben Menezes (geógrafo)
Assessores:
Rui Pereira (engenheiro)
CÂMARA DAS LAJES DO PICO
Sérgio Sousa, Vereador
Vanda Alves, Vereadora
Carlos Alberto Machado, chefe de gabinete da Presidência
Pedro Alvernaz, arquitecto

Além de diversos elementos introduzidos pelos diversos membros da Comissão, após a apresentação, pelo Coordenador do Plano, dos elementos essenciais da sua 2ª Fase, a Comissão, por unanimidade, decidiu integrar na sua Acta, como resultado da sua reflexão, uma tomada de posição sobre a importância da manutenção da Escola EB2,3 no espaço da Vila das Lajes. O texto é o seguinte:

No âmbito da apresentação das propostas contidas na 2ª fase do Plano, a Equipa do Plano de Pormenor das Lajes do Pico, reforçou a sua posição na defesa da manutenção da Escola EB2,3 das Lajes do Pico, na actual localização dentro da estrutura urbana da vila.
De acordo com ela, a defesa desta proposta sustenta-se nos princípios técnicos já apresentados no Relatório da 1ª Fase do Plano e basicamente assentes nas seguintes premissas:
1º - O quadro natural da evolução demográfica do Concelho que aponta para um decréscimo populacional acompanhado da regressão da taxa de natalidade e consequentemente para a diminuição da população escolar a médio e longo prazos
2º - Para a importância da inserção da Escola no tecido urbano enquanto equipamento que valoriza o seu estatuto na rede urbana da Ilha e do Arquipélago
3º - A importância desta inserção urbana do ponto de vista pedagógico porquanto promove, no quadro da mobilidade e da segurança dos seus alunos, uma aprendizagem de integração e da aquisição de saberes, através da relação com o meio envolvente e com a população da vila
4º - A importância implícita na dinâmica que gera nos fluxos sócio-económicos da vila e designadamente no comércio de proximidade
5º - Os impactos positivos que tem do ponto de vista da sua promoção turística numa vila cujo principal motivo de atracção, para lá dos aspectos ambientais e paisagísticos, reside essencialmente na história e na actual vivência das suas gentes
6º - A importância ao nível do ordenamento urbanístico e arquitectónico uma vez que, através da sua remodelação e melhor adaptação à actual realidade pedagógica e lectiva, permite a indispensável requalificação daquela zona estratégica da vila e a fixação, no interior do miolo urbano, do mais importante equipamento colectivo e social do concelho
7º - Introduz, além do mais, uma imagem sociológica de rejuvenescimento populacional com todos os impactes positivos daí decorrentes.
Depois de mais uma vez se ter debatido amplamente esta questão, a Comissão de Acompanhamento concordou, por unanimidade, com a necessidade de se reforçar a defesa desta proposta junto da população e da Secretaria Regional da Educação e Ciência pela importância que ela assume como elemento estruturante da actual Proposta de Plano de Pormenor e para o futuro das Lajes do Pico.

segunda-feira, outubro 30, 2006

A culpa morreu solteira (# 02)



«Solteiríssima
Jorge Coelho não tem apenas razão quando lamenta que a culpa tenha morrido solteira no desastre de Entre-os-Rios. Jorge Coelho tem também uma autoridade moral e política que lhe assiste mais do que a qualquer outra figura directa ou indirectamente relacionada com este caso. Foi ele que, na noite da queda da ponte, se demitiu de ministro das Obras Públicas declarando exactamente que a culpa não podia morrer solteira. Essa decisão, igual à que qualquer ministro escandinavo tomaria por muitíssimo menos, foi uma decisão honrosa, embora alguns a tenham criticado na altura. E, como a demissão de um ministro é um acto político relevante, devia ter servido de estímulo especial ao apuramento sério e exigente das responsabilidades, primeiro no âmbito do próprio Estado e depois no plano criminal, se houvesse fundamento para isso. À força de procurar culpados não se podem condenar inocentes. Mas se a impunidade do Estado e dos seu agentes é total quando dezenas de pessoas morrem a atravessar uma ponte que está à sua guarda, imagina-se o que não será em casos de menor gravidade. E, sobretudo, de menor visibilidade.»

(Fernando Madrinha, in Expresso, 1º Caderno, 28 de Outubro de 2006 [ed. electrónica]

Cybercobardia

«Excepção feita ao correio electrónico e à consulta de «sites» informativos, a Internet interessa-me zero. Todo esse universo dos «chats» e dos blogues não apenas me é absolutamente estranho como ainda o acho, paradoxalmente, uma preocupante manifestação de um processo de dessocialização e de sedentarização das solidões para que o mundo de hoje parece caminhar. Saber que nesses ‘sítios’ imateriais é possível fazer praticamente tudo, desde arranjar parceiros amorosos até recrutar terroristas para a Al-Qaeda, não é, a meu ver, um progresso ou facilidade, mas uma espécie de impotência, de desistência de viver a vida como ela é.
Tenho lido muitas opiniões contrárias, de gente que acredita que os blogues e toda essa conversa «in absencia» são uma forma moderna de democracia de massas, directa e instantânea, como nunca houve: uma espécie de «speaker’s corner» planetário. Mas discordo: não penso que a qualidade da democracia se meça pela quantidade de envolvidos e, menos ainda, pela irresponsabilidade. Não há liberdade de expressão onde existe impunidade do discurso. E se no «speaker’s corner» fala quem quer, também é verdade que quem fala tem o rosto a descoberto, pode ser convidado pelos circunstantes a identificar-se e pode, sobretudo, ser confrontado e contraditado por estes - enquanto na maioria dos blogues o anonimato é regra, santo e senha.
Mas não há nada melhor para confirmar ou desmentir uma teoria do que experimentar-lhe os efeitos. No meu caso pessoal, as experiências que conheço têm sido eloquentes: por duas vezes me foram atribuídos na Net e postos a circular textos que não tinha escrito e cujo conteúdo repudiava veementemente; o mais longe que consegui desfazer a falsificação foi o círculo de amigos que me falaram no assunto. De outra vez, deram-me a conhecer a existência de um blogue onde um autor anónimo se dedicara a fazer a minha biografia, acrescentada posteriormente por toda uma série de contribuições igualmente anónimas: eram 27 páginas de conteúdo (!), mas bastou-me ler as duas primeiras para desligar, enojado com a capacidade de invenção, difamação grave e cobardia que aquilo revelava. Esta semana, enfim, estava-me reservada mais uma experiência do género.
Um qualquer tipo dera-se ao trabalho de pegar num romance meu, manipulá-lo devidamente (por exemplo, pegando num início de frase e acrescentando-lhe outro situado 12 páginas adiante), para afirmar, sem estremecer, que todo o meu livro era um plágio do outro, “uma fraude sem pudor”. Uma hora depois de este blogue ter nascido, exclusivamente dedicado a acusar-me de plágio, um jornal telefonava-me para casa a pedir um comentário à “acusação”. Primeiro, pensei que estavam a brincar, depois percebi que levavam a coisa a sério e tentei mostrar o absurdo daquilo: o meu livro era um romance histórico, em que os personagens principais eram todos ficcionados, assim como a história, o outro era um livro de história, um relato jornalístico do mandato do último vice-rei inglês da Índia, em que os personagens eram o Mountbatten, o Nehru, o Ghandi, o Jidah; o meu livro situava-se em 1905, em São Tomé, o outro em 1949, na Índia; o meu tratava da escravatura nas roças de cacau de São Tomé, a par de uma trama amorosa, o outro tratava da independência da Índia; enfim, como se perceberia, simplesmente, lendo-os, tanto a construção narrativa como a escrita eram obviamente diferentes, tratando-se de géneros literários totalmente diferentes. Mas o autor do blogue revelava-se um profissional da manipulação: ele pegava em excertos afastados entre si da versão inglesa do outro livro, colava-os como se fossem uma só frase, comparando-os então com outras frases minhas a que chamava “tradução” e que um jornal dizia serem “frases inteiras iguais”. Mas iguais eram apenas os factos nelas contidos: os dados biográficos de quatro marajás da Índia. Ora, como tentei explicar, qualquer pessoa percebe que um romance histórico ou um livro de história, quando chega aos factos reais, tem de recorrer a fontes, que são outros livros ou documentos preexistentes. De outro modo, não os tendo vivido, ao autor só restaria inventá-los ou distorcê-los, para não ser considerado plagiador: eu deveria então ter trocado os nomes ou os dados biográficos dos marajás que convoquei, assim como os do senhor D. Carlos ou de outros personagens históricos que entram no meu romance. Em vez disso, limitei-me a fazer uma coisa que nem sequer é habitual neste género literário: identifiquei as fontes a que recorri, entre as quais o tal livro que o anónimo da Net me acusava de ter copiado - ou seja, deixei as pistas todas para ser ‘apanhado’. Porém, o meu Torquemada concluiu ao contrário: se eu citava 29 livros como elementos “de consulta do autor” e se ele, recorrendo apenas a um deles, encontrara semelhanças com duas páginas das 518 do meu livro, era caso para “esfregar as mãos de contentamento, partindo à descoberta de mais algumas pérolas da exploração do trabalho alheio”.
Infelizmente, ninguém se deu a esse trabalho ou menos até. Debalde, tentei explicar ao enxame de jornalistas que imediatamente me caiu em cima que o simples facto de darem eco àquele blogue anónimo, sem verificarem previamente o fundamento da acusação gravíssima que me era feita, equivalia a transformar uma mentira privada, ditada pelo despeito e inveja, numa calúnia produzida à vista de milhares. Com esta agravante decisiva: o único meio de que disponho para defender eficazmente a minha honra e o meu trabalho, que é o tribunal, está-me vedado, pois não sei de quem me queixar e quem fazer condenar como caluniador. Não sendo esta a regra, como poderá alguém, por exemplo, defender-se convincentemente de um blogue anónimo que o acuse de pedofilia, tráfico de drogas ou qualquer outra coisa abominável? Tentei explicar que, perante isto, não bastava reproduzirem a acusação e ouvirem a minha defesa. Era pelo menos necessário que lessem os dois livros e percebessem que tudo aquilo era absurdo e que a aposta deste manipulador anónimo era justamente a de que os jornalistas não se dessem a incómodos.
Foi tudo em vão, claro. Responderam-me que o outro livro não estava disponível em Portugal e que, “face à gravidade da acusação” (justamente...), não se podia ignorar o assunto, pois, como me explicou sabiamente um jornalista eufórico, “a bola de neve está a correr e é imparável”. E correu. E foi. Dos tablóides ao respeitável ‘Público’ - onde, confessando-me não ter conseguido obter o livro supostamente plagiado (e, se calhar, sem sequer ter lido o meu...), uma jornalista escreveu, preto no branco: “Há muitas ideias parecidas e frases praticamente iguais”. E, assim, com esta ligeireza, se suja a honra de uma pessoa e se enxovalham anos e anos a fio de trabalho, esforço e imaginação.
O que já sabia dos blogues confirmei: em grande parte, este é o paraíso do discurso impune, da cobardia mais desenvergonhada, da desforra dos medíocres e dessa tão velha e tão trágica doença portuguesa que é a inveja. Mas fiquei a saber, e não sabia, que os blogues, mesmo anónimos, são uma fonte de informação privilegiada e credível para o nosso jornalismo.»

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 1º Caderno, 28 de Outubro de 2006 [ed. electrónica])

ALTOS E BAIXOS

ALTOS E BAIXOS DA SEMANA de 21 a 28 Outubro de 2006
(segundo João Garcia - garcia@expresso.pt - jornal Expresso)

ALTOS...

Marco Martins, Realizador de cinema

O seu ‘Alice’, recém-premiado em Londres, é pré-candidato ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira. A obra tem qualidade reconhecida, assim haja quem seja capaz de a defender nos bastidores de Hollywood.

Jaime Pacheco, Treinador do Boavista

Deu o título de campeão nacional ao Boavista, o que não o impediu de ser despedido; comparou João Loureiro a um “pardalito no telhado”, o que não o impediu de regressar ao Bessa. Mesmo no desemprego, afrontava a comunicação social e não procurava cumplicidades. Regressa pela porta grande.


... &BAIXOS

Manuel Pinho, Ministro da Economia

Graças ao ministro da Economia, a electricidade não vai aumentar 15,7% num ano, mas apenas... 5,9%. Regista-se o desconto e enaltece-se a desfaçatez. Será que espera reconhecimento pelo abatimento que conseguiu? Pensará que 5,9% é uma subida aceitável?

José Sócrates, Primeiro-ministro


O estado de graça durou mais do que o de outros Executivos, mas também acabou. As palmas que se ouviam à chegada do primeiro-ministro passaram de moda, o discurso da “coragem para reformar” perdeu validade e as greves voltaram. A bonança já lá vai, e mesmo que não se intimide com a borrasca é certo que mudará de rumo. Ainda que o negue.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Palavras de poetas (# 04)


«Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, mas quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.»

Fernando Pessoa

terça-feira, outubro 24, 2006

Trilhos de Lava


«Trilhos de Lava pretende ser um espaço de divulgação do património natural e cultural das Lajes, concelho da costa Sul da ilha do Pico do arquipélago dos Açores.
Contém um conjunto de sugestões de percursos pedestres pelos locais de maior interesse da vila, enriquecidos com conteúdos científicos e culturais. Tais percursos definidos em trabalhos realizados pelos alunos da Escola Básica Integrada e Secundária das Lajes do Pico são Itinerário 405 e Passos

«Bens públicos»

Tal como anunciámos, eis alguns dos textos que nos parecem mais importantes do último Boletim Municipal das Lajes do Pico. Para já, as "primeiras palavras" de Sara Santos:



SEMANA DOS BALEEIROS
A Semana dos Baleeiros é um acontecimento da maior importância na nossa vida social e cultural e ultrapassa mesmo as fronteiras do Concelho e da Ilha, adquirindo relevo em termos regionais. Neste Boletim, abordo, no texto que antecede o portfolio que lhe dedicamos, algumas questões que gostaria que contribuíssem para as reflexões dos munícipes. É preciso começar já a pensar na edição de 2007 e os contributos de todos serão bem-vindos.

COOPERAÇÃO INSTITUCIONAL
O Governo Regional realizou de 13 a 15 de Setembro a sua Visita Estatutária anual à Ilha do Pico. O Executivo da Câmara aprovou por unanimidade apresentar ao Governo um conjunto de questões e de pedidos de informação sobre diversos assuntos de primeira importância para o Concelho:
À Secretaria Regional do Ambiente e do Mar:
1. Plano de Ordenamento da Orla Costeira da Ilha do Pico
2. Ponto de situação do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos da Região Autónoma dos Açores (SIGRA)
3. Reforço do molhe do Porto de Santa Cruz das Ribeiras
4. Alteração da rampa de varagem das embarcações de pesca no Porto do Calhau, freguesia da Piedade
5. Obra da Ribeira do Fundo, na Freguesia da Ribeirinha
6. Protecção da Orla Marítima das Lajes do Pico
À Secretaria Regional de Habitação e Equipamentos:
1. Arranjos das bermas nas Estradas Regionais:
1.1 Melhoramento dos muros de suporte;
1.2 – Tratamento de bermas de segurança e construção de muros
1.3 – Construção de pista para peões e bicicletas no Mistério da Silveira
1.4 – Arranjo das bermas no Ramal da Calheta de Nesquim
2. Arranjos urbanísticos do Largo da Araucária e do Largo da Rua do Porto na Companhia de Baixo, na freguesia de São João e do Largo da Cruz, na freguesia da Calheta de Nesquim
3. Arranjo do entroncamento entre a Estrada Regional e a Rua de São Francisco, nas Lajes
4. Ponto de situação da pavimentação da Estrada Regional 2.2 (Transversal)
5. Sinalização rodoviária e turística do Concelho
6. Ampliação do Quartel de Bombeiros das Lajes
7. Criação de uma Delegação dos Bombeiros Voluntários das Lajes, na freguesia da Piedade
À Direcção Regional da Cultura:
1. Apoio à construção da sede da Filarmónica União Musical da Piedade
2. Ampliação do Museu dos Baleeiros
3. Casas dos Botes Baleeiros das Lajes
À Direcção Regional da Solidariedade e Segurança Social:
1. Serviços da Segurança Social das Lajes – Casa da Maricas Tomé
2. Serviços da Segurança Social na freguesia da Piedade
À Direcção Regional de Organização e Administração Pública:
1. Resposta às candidaturas apresentadas pelo Município para a construção e reabilitação de novas sedes das Juntas de Freguesia da Ribeirinha, Piedade e Calheta de Nesquim
2. Instalação da Loja do Cidadão, na Freguesia da Piedade
À Direcção Regional de Estudos e Planeamento:
1. Recebimento da comparticipação comunitária dos projectos aprovados no PRODESA, no sistema de adiantamento
À Secretaria Regional de Agricultura e Florestas:
1. Reabilitação do edifício do antigo matadouro e sua futura utilização para fins turísticos
2. Abastecimento de água à lavoura, nas freguesias de Lajes e Piedade
À Secretaria Regional da Educação e Ciência:
1. Escola Básica e Integrada/Secundária das Lajes do Pico
2. Não encerramento das escolas do ensino básico das freguesias de Ribeirinha e Calheta
3. Apoio ao Centro de Artes e Ciências do Mar, inserido na reconstrução do edifício da Fábrica da Baleia das Lajes do Pico
À Secretaria Regional da Economia:
1. Explicação do valor atribuído à equipa feminina de voleibol do Clube Desportivo Ribeirense, em contrapartida da publicidade, de € 36.000, quando todas às equipas masculinas das diversas modalidades, incluindo o voleibol, que se encontram exactamente na mesma situação (1ª Divisão Nacional), é atribuído valor superior a € 155.000
2. Porto de Recreio das Lajes
3. Apoio aos projectos municipais inseridos no programa PITER

Durante a Visita do Governo, além de contactos informais, entreguei um Memorando ao senhor Secretário da Educação e Ciência. Outras reuniões de trabalho se seguirão, pelo menos essa é a minha vontade. A minha acção pessoal e a do Executivo continuarão, assim, a pautar-se no sentido de aprofundar entre o Município e o Governo Regional uma relação profícua e activa, para a concretização de projectos fundamentais para o desenvolvimento local, alguns deles de importância regional.

OBRAS CONCRETIZADAS
Mais dois equipamentos por nós decididos e planeados foram terminados e estão em funcionamento. Como temos afirmado, e é um dos nossos “pontos de honra”, nada idealizamos que não tenha possibilidade de se concretizar e que seja imediatamente colocado ao serviço da população e de quem nos visita: desde o dia 23 de Agosto, a nova Piscina Municipal de Santa Cruz das Ribeiras está em funcionamento e já usufruíram dela largas centenas de munícipes; desde o dia 26 de Agosto, está a funcionar o Posto de Turismo e Zona de Lazer do Forte de Santa Catarina, com uma Loja de informação turística e de venda de livros (com um interesse especial para a época natalícia que se avizinha). Fortemente elogiado por todos, o Forte recebe diariamente a visita de dezenas de turistas portugueses e estrangeiros e de habitantes de toda a ilha.

GESTÃO EFICIENTE
O Executivo da Câmara aprovou por unanimidade e a Assembleia Municipal por maioria, a constituição e os respectivos Estatutos de uma Empresa Municipal vocacionada para a “criação, implementação, desenvolvimento, instalação, gestão, participação e conservação de equipamentos turísticos, desportivos, recreativos, culturais, ambientais e habitacionais de âmbito local no Município das Lajes do Pico.” Desta forma, damos um passo importante e decisivo para o desenvolvimento do Concelho, gerindo de forma mais proveitosa e racional os bens comuns e criando capacidade acrescida de investimento público e privado.

MELHOR QUALIDADE DE VIDA
O Plano de Pormenor da Vila vai entrar na sua última fase prevista. Dentro de poucos meses, os munícipes poderão apreciar as propostas e pronunciarem-se sobre elas. Depois disso, teremos mais um importante meio de racionalizar o uso do espaço público e, assim, capacitá-lo melhor para o aumento da qualidade de vida de todos, em diversos níveis. Um deles prende-se com o reforço da comunidade social e com os edifícios que lhe dão corpo. Um exemplo é o da necessidade de manutenção das escolas junto das famílias, das instituições, do comércio e dos espaços de cultura e de lazer. Nesta linha de pensamento, a Comissão de Acompanhamento do Plano de Pormenor, que integra oficialmente representantes governamentais da Presidência, Turismo, Ambiente e Cultura, reunida na Vila, no dia 28 de Agosto, foi peremptória e unânime em considerar de todo o interesse a manutenção da Escola EB2,3 no tecido urbano da Vila das Lajes. Para já, creio que estaremos todos de acordo num ponto: a Escola, como instituição, funciona de forma excelente, mas precisa de ter um edifício novo com mais condições. A diferença de opiniões pode estar noutro ponto: tirá-la da Vila ou construir de forma progressiva uma nova no mesmo lugar. A Equipa do Plano de Pormenor, a Câmara e a Comissão de Acompanhamento do Plano estão de acordo em que é desejável e possível manter a Escola na Vila, substituindo a pouco e pouco a que já existe através de demolição e nova construção por fases. Neste Boletim, apresentamos a respectiva proposta técnica para esta solução. Esperamos que sirva para um debate objectivo e sereno, como a importância do assunto de todos exige.
Sara Santos
Presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico

A culpa morreu solteira

Queda da ponte de Entre-os-Rios
Absolvidos os seis arguidos


A decisão do Colectivo de Juízes do Tribunal de Entre-os-Rios frustrou as expectativas das famílias, Estado e Segurança Social, que reclamavam uma indemnização de 12,117 milhões de euros.



O Tribunal de Castelo de Paiva absolveu hoje os seis engenheiros acusados pelo Ministério Público de não terem feito o que estaria o seu alcance para
evitar o colapso da ponte de Entre-os-Rios.
Ninguém fica assim responsabilizado criminalmente pelo acidente que resultou na morte de 59 pessoas que seguiam num autocarro e em três automóveis.
A sentença do Colectivo de Juízes, presidido por Teresa Silva, concluiu que "os arguidos não praticaram os crimes de que vinham sendo acusados, impondo-se a sua absolvição".
O tribunal entendeu que não existiu a alegada violação das regras técnicas, imputada pelo Ministério Público aos seis arguidos.
A decisão deita assim por terra as pretensões das famílias, do Estado e da Segurança Social, que reclamavam aos arguidos uma indemnização total de 12,117 milhões de euros.
Os seis técnicos eram acusados de não terem feito o que estaria ao seu alcance para evitar o colapso da ponte, o que podia implicar penas de prisão, por negligência, até seis anos, agravadas em um terço pela morte de 59 pessoas.
São eles Barreiros Cardoso, 66 anos, engenheiro-fiscal de pontes na ex-JAE desde 1972; Soares Ribeiro, 82 anos, que liderava a conservação de pontes da mesma entidade desde 1981; Manuel Rosa Ferreira, 57 anos, engenheiro-fiscal; Baptista dos Santos, 59 anos, engenheiro-chefe na Divisão de Pontes; Morais Guerreiro, 77 anos e Mota Freitas, 68, dois projectistas que estudavam o alargamento ou substituição da ponte.
No acórdão de 551 páginas afirma-se que a Justiça só “podia pronunciar-se face à prova produzida em tribunal”, conjugando o que disseram peritos e testemunhas com a análise de documentos.
De resto, os juízes deram como certo que “não se fez prova de que o pilar P4”, que ao ruir desencadeou o colapso da ponte, “não estava em segurança”. Também ficou por provar que a protecção da base do P4, com pedra, garantia a sua segurança face às sucessivas e anormais cheias de 2000 e 2001 no rio Douro.
[foto de João Abreu Miranda/texto de Agência LUSA]

segunda-feira, outubro 23, 2006

REVIVER O PASSADO, SENTIR O PRESENTE, OLHAR O FUTURO!

No jornal Ilha Maior de 13 de Outubro, página 6, na rubrica “Uma questão semanal”, o senhor José Manuel Moniz intitula o seu artigo de opinião «REVIVER O PASSADO, SENTIR O PRESENTE, OLHAR O FUTURO!»
Transcrevemos, com a devida vénia a autor e jornal:

«Como habitualmente tento estar nas Lajes do Pico, onde guardo momentos marcantes da minha juventude, durante a Festa de Lourdes e este ano não foi excepção.
Sempre que lá estou faço um “download” em que recordo onde vivi, como vivi, estou com os amigos que ainda estão e tento, em espírito, estar com os que connosco já não estão. É a minha “história” que sinto prazer em revivê-la num espaço mais requintado que agora encontro!
Só experimenta esta agradável sensação quem não renega o seu passado e continua a sentir-se portador de um respeito e gratidão pela vida que viveu e por continuar a ser cidadão do mundo.
Se, comigo, acontece em relação às Lajes, donde parti fisicamente há mais de 30 anos, o mesmo acontece com os meus filhos, nora e neta em relação à Madalena! É bom sinal porque nunca nos “divorciamos” daquilo que gostamos!
Mas a razão deste meu testemunho prende-se com o conteúdo da recuperação que se está a viver na “avoenga” Vila das Lajes. Os meus parabéns caros cidadãos e amigos pela forma como se tem recuperado o núcleo principal da Vila! Há modernidade e há uma preocupação latente em respeitar a traça arquitectónica da Vila. Restaurar não é sinónimo de voltar ao passado mas sim realçar a sua história com pleno respeito pelos seus valores patrimoniais e humanos. O enquadramento urbanístico está perfeito e por isso sentimo-nos bem no todo Lajense!
Pena é que outras Vilas que, não tendo arquitectura tão rica, não saibam ou não queiram trilhar por um plano urbanístico sustentado e que projectem uma “mostra” de construção ao sabor da vaidade individual. A ser assim os nossos vindouros não desejarão, certamente, fazer o que se está a constatar na Lajes.
A prova provada do que acima afirmamos sustenta-se na orientação que se está a aplicar na zona da paisagem protegida da vinha que dá gosto visitar muito embora tenham havido “atentados” urbanísticos que não dignificam quem os autorizou.
O que teremos de oferecer a quem nos visita ou a quem aqui vive é um ambiente limpo e que se identifique na forma e no conteúdo com o que fomos e como desejamos ser.
Não se deverão edificar “adegas” num conjunto arquitectónico fora do contexto da paisagem protegida porque está devidamente demarcada.
Defendemos a modernidade urbanística e não só, mas deverá enquadrar-se num contexto próprio e nunca feita a bel-prazer de qualquer um.
Ter-se-á que dotar os nosso centros urbanos com uma ambiência apelativa e cuja identidade não reflicta nunca uma construção anárquica.
Se todos, mas todos, nos sentirmos responsáveis por um desenvolvimento colectivo amanhã será prestado merecido reconhecimento à nossa geração.
Vamos a isso!»


Nota: aos autores que queiram publicar aqui os seus artigos, podem fazê-lo através do e-mail lajes_do_pico1@sapo.pt
Lembramos que este e outros contributos não reflectem necessariamente a opinião do blogue, sendo os autores, naturalmente, responsáveis pelas opiniões emitidas.

Sondagem (2)

SONDAGEM UNIVERSIDADE CATÓLICA / PÚBLICO / RTP / ANTENA UM (OUTUBRO DE 2006)
(fim)

É a favor ou contra que haja educação sexual nas escolas?
A favor : 81 %
Contra : 16 %
Ns / Nr : 03 %

Acha que deveria ser legal ou ilegal para um médico provocar a morte de um paciente com doença incurável ou dolorosa, desde que o doente assim o solicitasse?
Legal : 65 %
Ilegal : 27 %
Ns / Nr : 09 %

E se o doente estivesse em estado de coma: acha que deveria ser legal ou ilegal para um médico provocar a morte desse doente a solicitação dos familiares?
Legal : 38 %
Ilegal : 47 %
Ns / Nr : 15 %

Acha que a prostituição devia ser uma actividade legal ou ilegal?
Legal : 55 %
Ilegal : 30 %
Ns / Nr : 15 %

Acha que o consumo de marijuana ou haxixe devia ser legal?
Legal : 28 %
Ilegal : 64 %
Ns / Nr : 08 %

Acha que seria bom ou mau que as mulheres pudessem ser ordenadas como sacerdotes na Igreja Católica?
Bom : 58 %
Mau : 22 %
Ns / Nr : 20 %

Acha que a investigação com células estaminais obtidas de embriões humanos devia ser permitida ou proibida?
Permitida : 45 %
Proibida : 27 %
Ns / Nr : 28 %

É a favor ou contra a existência de quotas para as mulheres em lugares políticos elegíveis?
A favor : 48 %
Contra : 30 %
Ns / Nr : 22 %

É a favor ou contra a pena de morte para pessoas condenadas por homicídio?
A favor : 41 %
Contra : 46 %
Ns / Nr : 14 %

Acha que duas pessoas do mesmo sexo devem poder?
Casar : 19 %
Formar uniões com os mesmos direitos legais de um casamento : 10 %
Formar uniões só com alguns direitos legais de um casamento : 07 %
Nenhuma das anteriores : 56 %
Ns / Nr : 08 %

Acha que duas pessoas homossexuais devem poder adoptar crianças?
Sim : 26 %
Não : 67 %
Ns / Nr : 08 %

Sondagem (01)

SONDAGEM UNIVERSIDADE CATÓLICA / PÚBLICO / RTP / ANTENA UM (OUTUBRO DE 2006)

Em geral, qual acha que devia ser o objectivo mais importante para a nossa sociedade hoje em dia?
Promover maior respeito pelos valores sociais e morais tradicionais : 37 %
Encorajar maior tolerância em relação a pessoas com diferentes tradições e estilos de vida : 27 %
Ambos (resposta espontânea) : 24 %
Ns / Nr : 11 %

ORHAN PAMUK
Prémio Nobel da Literatura 2006 (foto: CHRISTINE KOKOT/EPA)
Pamuk nasceu em 1952, na Turquia.
Algumas obras:
A Cidadela Branca
Istanbul - Memories of a City
(Faber & Faber, 2005)
The Silent House
A Vida Nova
My Name Is Red
Snow
The museum of innocence

«A importância do poder autárquico»

Luís Valente de Oliveira (Professor de Engenharia, vice-presidente da Associação Empresarial de Portugal, ex-ministro PSD), escreve no Expresso (21 de Outubro de 2006) sobre o pode autárquico. Transcrição, com a devida vénia:

»Para um país muito centralizado, como era Portugal em 1974, houve um enorme progresso em matéria do poder local. É bom relembrar que, até então, os presidentes das câmaras municipais eram designados pelo ministro do Interior, sendo os titulares escolhidos entre as pessoas afectas ao regime. Até os planos de urbanização eram aprovados centralmente, o que conduzia à situação anómala de não haver praticamente documentos em vigor devidamente aprovados. As obras que se faziam eram decididas centralmente, desempenhando os autarcas funções de representação dos interesses municipais junto dos membros do Governo de quem pretendiam apoio material e patrocínio das suas ideias.
Depois de 1974, o poder local foi sendo construído a pouco e pouco mas de forma muito consistente. Foram generalizadas as práticas democráticas para designação dos órgãos locais correntes na Europa ocidental, tendo o processo de aprendizagem sido rápido. Hoje, os hábitos respectivos estão consolidados. Por outro lado, os resultados práticos são visíveis: as pessoas vivem melhor, os equipamentos multiplicaram-se e o país ficou, seguramente, mais coeso em termos territoriais. Muito se tem, ainda, de andar, porque surgiram desafios novos de natureza económica e social. As autarquias têm de participar mais na consolidação da base económica dos municípios e de assumir um papel mais determinante na preparação dos jovens portugueses, na sua educação e formação.
Todas as autarquias acabaram por conseguir preparar Planos Directores Municipais. É preciso agora partir para a elaboração da segunda geração desses planos, muito mais ligados à prosperidade económica dos concelhos, mais realistas e, também, mais participados.
E o próprio funcionamento dos órgãos de Governo autárquico tem de ser progressivamente melhorado, bem como o do aparelho administrativo em que aqueles se apoiam.
A construção institucional não é uma tarefa que se possa considerar concluída. Está sempre em evolução e em processo de melhoria progressiva.
O país deve muito aos milhares de autarcas que o serviram. Mas tem de forçar a evolução no sentido do robustecimento do papel das instâncias locais. Ora, para que isso aconteça, a ligação entre o que se faz e os meios mobilizados para o fazer tem de ser progressivamente mais directa. Isto quer dizer que o peso dos recursos financeiros municipais tem de ser cada vez mais ligado aos impostos locais decididos e explicados pelas autoridades locais e avaliados pelos destinatários locais. O papel do chamado Fundo de Equilíbrio Financeiro, que é um mecanismo de perequação, tem de se limitar a sê-lo de facto, dando atenção prioritária às autarquias locais que efectivamente sejam tão desprovidas que não se revelem capazes de gerar as receitas que os seus eleitos locais hão-de administrar sob o julgamento próximo dos destinatários, quer dizer dos munícipes.
Não se pode deixar de reconhecer o trabalho excelente da imensa maioria dos autarcas ao longo dos últimos trinta anos. Mas tem de se manter um espírito exigente em relação à evolução do papel das instituições que tem de se processar num quadro de estabilidade mas não de imobilismo. A evolução das práticas tem de ser constante, sendo no campo da cobrança de receitas e na ligação com a sua realização que se deve, hoje, insistir mais.
Não se pode evoluir nem com instituições mal desenhadas nem com procedimentos estáticos. As nossas instituições locais estão razoavelmente desenhadas. Temos de acomodar no quadro existente uma evolução que ajude a melhorar, em permanência, o funcionamento democrático, a responsabilização dos eleitos e a participação dos eleitores.