terça-feira, outubro 31, 2006

Escola da Vila (# 01)

Damos sequência à (re)publicação de matéria de interesse do último Boletim Municipal das Lajes do Pico. Desta vez, sobre a Escola EB2,3: o parecer da Comissão de Acompanhamento do Plano de Pormenor das Lajes.
Amanhã, o parecer técnico do arquitecto Nuno Lopes: este parecer, foi apresentado e aprovado pelo actual e anterior Executivo como documento orientador da Câmara neste assunto.

Plano de Pormenor das Lajes
O Plano de Pormenor das Lajes continua em desenvolvimento. No dia 28 de Agosto, teve lugar a segunda reunião da Comissão de Acompanhamento. Estiveram presentes todos os seus membros e elementos da Câmara que prestam apoio à Comissão.

Presenças
COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO

Sara Santos – Presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico
Jason Meneses – Vice-Presidência do Governo Regional
Isabel Castanho – Secretaria Regional do Ambiente e do MarÂngelo Regojo Santos – Direcção Regional da Cultura
Manuela Lara – Direcção Regional do Turismo
EQUIPA DO PLANO DE PORMENOR
Equipa fixa:
Nuno Lopes (arquitecto, coordenador do Plano)
Ruben Menezes (geógrafo)
Assessores:
Rui Pereira (engenheiro)
CÂMARA DAS LAJES DO PICO
Sérgio Sousa, Vereador
Vanda Alves, Vereadora
Carlos Alberto Machado, chefe de gabinete da Presidência
Pedro Alvernaz, arquitecto

Além de diversos elementos introduzidos pelos diversos membros da Comissão, após a apresentação, pelo Coordenador do Plano, dos elementos essenciais da sua 2ª Fase, a Comissão, por unanimidade, decidiu integrar na sua Acta, como resultado da sua reflexão, uma tomada de posição sobre a importância da manutenção da Escola EB2,3 no espaço da Vila das Lajes. O texto é o seguinte:

No âmbito da apresentação das propostas contidas na 2ª fase do Plano, a Equipa do Plano de Pormenor das Lajes do Pico, reforçou a sua posição na defesa da manutenção da Escola EB2,3 das Lajes do Pico, na actual localização dentro da estrutura urbana da vila.
De acordo com ela, a defesa desta proposta sustenta-se nos princípios técnicos já apresentados no Relatório da 1ª Fase do Plano e basicamente assentes nas seguintes premissas:
1º - O quadro natural da evolução demográfica do Concelho que aponta para um decréscimo populacional acompanhado da regressão da taxa de natalidade e consequentemente para a diminuição da população escolar a médio e longo prazos
2º - Para a importância da inserção da Escola no tecido urbano enquanto equipamento que valoriza o seu estatuto na rede urbana da Ilha e do Arquipélago
3º - A importância desta inserção urbana do ponto de vista pedagógico porquanto promove, no quadro da mobilidade e da segurança dos seus alunos, uma aprendizagem de integração e da aquisição de saberes, através da relação com o meio envolvente e com a população da vila
4º - A importância implícita na dinâmica que gera nos fluxos sócio-económicos da vila e designadamente no comércio de proximidade
5º - Os impactos positivos que tem do ponto de vista da sua promoção turística numa vila cujo principal motivo de atracção, para lá dos aspectos ambientais e paisagísticos, reside essencialmente na história e na actual vivência das suas gentes
6º - A importância ao nível do ordenamento urbanístico e arquitectónico uma vez que, através da sua remodelação e melhor adaptação à actual realidade pedagógica e lectiva, permite a indispensável requalificação daquela zona estratégica da vila e a fixação, no interior do miolo urbano, do mais importante equipamento colectivo e social do concelho
7º - Introduz, além do mais, uma imagem sociológica de rejuvenescimento populacional com todos os impactes positivos daí decorrentes.
Depois de mais uma vez se ter debatido amplamente esta questão, a Comissão de Acompanhamento concordou, por unanimidade, com a necessidade de se reforçar a defesa desta proposta junto da população e da Secretaria Regional da Educação e Ciência pela importância que ela assume como elemento estruturante da actual Proposta de Plano de Pormenor e para o futuro das Lajes do Pico.

segunda-feira, outubro 30, 2006

A culpa morreu solteira (# 02)



«Solteiríssima
Jorge Coelho não tem apenas razão quando lamenta que a culpa tenha morrido solteira no desastre de Entre-os-Rios. Jorge Coelho tem também uma autoridade moral e política que lhe assiste mais do que a qualquer outra figura directa ou indirectamente relacionada com este caso. Foi ele que, na noite da queda da ponte, se demitiu de ministro das Obras Públicas declarando exactamente que a culpa não podia morrer solteira. Essa decisão, igual à que qualquer ministro escandinavo tomaria por muitíssimo menos, foi uma decisão honrosa, embora alguns a tenham criticado na altura. E, como a demissão de um ministro é um acto político relevante, devia ter servido de estímulo especial ao apuramento sério e exigente das responsabilidades, primeiro no âmbito do próprio Estado e depois no plano criminal, se houvesse fundamento para isso. À força de procurar culpados não se podem condenar inocentes. Mas se a impunidade do Estado e dos seu agentes é total quando dezenas de pessoas morrem a atravessar uma ponte que está à sua guarda, imagina-se o que não será em casos de menor gravidade. E, sobretudo, de menor visibilidade.»

(Fernando Madrinha, in Expresso, 1º Caderno, 28 de Outubro de 2006 [ed. electrónica]

Cybercobardia

«Excepção feita ao correio electrónico e à consulta de «sites» informativos, a Internet interessa-me zero. Todo esse universo dos «chats» e dos blogues não apenas me é absolutamente estranho como ainda o acho, paradoxalmente, uma preocupante manifestação de um processo de dessocialização e de sedentarização das solidões para que o mundo de hoje parece caminhar. Saber que nesses ‘sítios’ imateriais é possível fazer praticamente tudo, desde arranjar parceiros amorosos até recrutar terroristas para a Al-Qaeda, não é, a meu ver, um progresso ou facilidade, mas uma espécie de impotência, de desistência de viver a vida como ela é.
Tenho lido muitas opiniões contrárias, de gente que acredita que os blogues e toda essa conversa «in absencia» são uma forma moderna de democracia de massas, directa e instantânea, como nunca houve: uma espécie de «speaker’s corner» planetário. Mas discordo: não penso que a qualidade da democracia se meça pela quantidade de envolvidos e, menos ainda, pela irresponsabilidade. Não há liberdade de expressão onde existe impunidade do discurso. E se no «speaker’s corner» fala quem quer, também é verdade que quem fala tem o rosto a descoberto, pode ser convidado pelos circunstantes a identificar-se e pode, sobretudo, ser confrontado e contraditado por estes - enquanto na maioria dos blogues o anonimato é regra, santo e senha.
Mas não há nada melhor para confirmar ou desmentir uma teoria do que experimentar-lhe os efeitos. No meu caso pessoal, as experiências que conheço têm sido eloquentes: por duas vezes me foram atribuídos na Net e postos a circular textos que não tinha escrito e cujo conteúdo repudiava veementemente; o mais longe que consegui desfazer a falsificação foi o círculo de amigos que me falaram no assunto. De outra vez, deram-me a conhecer a existência de um blogue onde um autor anónimo se dedicara a fazer a minha biografia, acrescentada posteriormente por toda uma série de contribuições igualmente anónimas: eram 27 páginas de conteúdo (!), mas bastou-me ler as duas primeiras para desligar, enojado com a capacidade de invenção, difamação grave e cobardia que aquilo revelava. Esta semana, enfim, estava-me reservada mais uma experiência do género.
Um qualquer tipo dera-se ao trabalho de pegar num romance meu, manipulá-lo devidamente (por exemplo, pegando num início de frase e acrescentando-lhe outro situado 12 páginas adiante), para afirmar, sem estremecer, que todo o meu livro era um plágio do outro, “uma fraude sem pudor”. Uma hora depois de este blogue ter nascido, exclusivamente dedicado a acusar-me de plágio, um jornal telefonava-me para casa a pedir um comentário à “acusação”. Primeiro, pensei que estavam a brincar, depois percebi que levavam a coisa a sério e tentei mostrar o absurdo daquilo: o meu livro era um romance histórico, em que os personagens principais eram todos ficcionados, assim como a história, o outro era um livro de história, um relato jornalístico do mandato do último vice-rei inglês da Índia, em que os personagens eram o Mountbatten, o Nehru, o Ghandi, o Jidah; o meu livro situava-se em 1905, em São Tomé, o outro em 1949, na Índia; o meu tratava da escravatura nas roças de cacau de São Tomé, a par de uma trama amorosa, o outro tratava da independência da Índia; enfim, como se perceberia, simplesmente, lendo-os, tanto a construção narrativa como a escrita eram obviamente diferentes, tratando-se de géneros literários totalmente diferentes. Mas o autor do blogue revelava-se um profissional da manipulação: ele pegava em excertos afastados entre si da versão inglesa do outro livro, colava-os como se fossem uma só frase, comparando-os então com outras frases minhas a que chamava “tradução” e que um jornal dizia serem “frases inteiras iguais”. Mas iguais eram apenas os factos nelas contidos: os dados biográficos de quatro marajás da Índia. Ora, como tentei explicar, qualquer pessoa percebe que um romance histórico ou um livro de história, quando chega aos factos reais, tem de recorrer a fontes, que são outros livros ou documentos preexistentes. De outro modo, não os tendo vivido, ao autor só restaria inventá-los ou distorcê-los, para não ser considerado plagiador: eu deveria então ter trocado os nomes ou os dados biográficos dos marajás que convoquei, assim como os do senhor D. Carlos ou de outros personagens históricos que entram no meu romance. Em vez disso, limitei-me a fazer uma coisa que nem sequer é habitual neste género literário: identifiquei as fontes a que recorri, entre as quais o tal livro que o anónimo da Net me acusava de ter copiado - ou seja, deixei as pistas todas para ser ‘apanhado’. Porém, o meu Torquemada concluiu ao contrário: se eu citava 29 livros como elementos “de consulta do autor” e se ele, recorrendo apenas a um deles, encontrara semelhanças com duas páginas das 518 do meu livro, era caso para “esfregar as mãos de contentamento, partindo à descoberta de mais algumas pérolas da exploração do trabalho alheio”.
Infelizmente, ninguém se deu a esse trabalho ou menos até. Debalde, tentei explicar ao enxame de jornalistas que imediatamente me caiu em cima que o simples facto de darem eco àquele blogue anónimo, sem verificarem previamente o fundamento da acusação gravíssima que me era feita, equivalia a transformar uma mentira privada, ditada pelo despeito e inveja, numa calúnia produzida à vista de milhares. Com esta agravante decisiva: o único meio de que disponho para defender eficazmente a minha honra e o meu trabalho, que é o tribunal, está-me vedado, pois não sei de quem me queixar e quem fazer condenar como caluniador. Não sendo esta a regra, como poderá alguém, por exemplo, defender-se convincentemente de um blogue anónimo que o acuse de pedofilia, tráfico de drogas ou qualquer outra coisa abominável? Tentei explicar que, perante isto, não bastava reproduzirem a acusação e ouvirem a minha defesa. Era pelo menos necessário que lessem os dois livros e percebessem que tudo aquilo era absurdo e que a aposta deste manipulador anónimo era justamente a de que os jornalistas não se dessem a incómodos.
Foi tudo em vão, claro. Responderam-me que o outro livro não estava disponível em Portugal e que, “face à gravidade da acusação” (justamente...), não se podia ignorar o assunto, pois, como me explicou sabiamente um jornalista eufórico, “a bola de neve está a correr e é imparável”. E correu. E foi. Dos tablóides ao respeitável ‘Público’ - onde, confessando-me não ter conseguido obter o livro supostamente plagiado (e, se calhar, sem sequer ter lido o meu...), uma jornalista escreveu, preto no branco: “Há muitas ideias parecidas e frases praticamente iguais”. E, assim, com esta ligeireza, se suja a honra de uma pessoa e se enxovalham anos e anos a fio de trabalho, esforço e imaginação.
O que já sabia dos blogues confirmei: em grande parte, este é o paraíso do discurso impune, da cobardia mais desenvergonhada, da desforra dos medíocres e dessa tão velha e tão trágica doença portuguesa que é a inveja. Mas fiquei a saber, e não sabia, que os blogues, mesmo anónimos, são uma fonte de informação privilegiada e credível para o nosso jornalismo.»

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 1º Caderno, 28 de Outubro de 2006 [ed. electrónica])

ALTOS E BAIXOS

ALTOS E BAIXOS DA SEMANA de 21 a 28 Outubro de 2006
(segundo João Garcia - garcia@expresso.pt - jornal Expresso)

ALTOS...

Marco Martins, Realizador de cinema

O seu ‘Alice’, recém-premiado em Londres, é pré-candidato ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira. A obra tem qualidade reconhecida, assim haja quem seja capaz de a defender nos bastidores de Hollywood.

Jaime Pacheco, Treinador do Boavista

Deu o título de campeão nacional ao Boavista, o que não o impediu de ser despedido; comparou João Loureiro a um “pardalito no telhado”, o que não o impediu de regressar ao Bessa. Mesmo no desemprego, afrontava a comunicação social e não procurava cumplicidades. Regressa pela porta grande.


... &BAIXOS

Manuel Pinho, Ministro da Economia

Graças ao ministro da Economia, a electricidade não vai aumentar 15,7% num ano, mas apenas... 5,9%. Regista-se o desconto e enaltece-se a desfaçatez. Será que espera reconhecimento pelo abatimento que conseguiu? Pensará que 5,9% é uma subida aceitável?

José Sócrates, Primeiro-ministro


O estado de graça durou mais do que o de outros Executivos, mas também acabou. As palmas que se ouviam à chegada do primeiro-ministro passaram de moda, o discurso da “coragem para reformar” perdeu validade e as greves voltaram. A bonança já lá vai, e mesmo que não se intimide com a borrasca é certo que mudará de rumo. Ainda que o negue.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Palavras de poetas (# 04)


«Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, mas quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.»

Fernando Pessoa

terça-feira, outubro 24, 2006

Trilhos de Lava


«Trilhos de Lava pretende ser um espaço de divulgação do património natural e cultural das Lajes, concelho da costa Sul da ilha do Pico do arquipélago dos Açores.
Contém um conjunto de sugestões de percursos pedestres pelos locais de maior interesse da vila, enriquecidos com conteúdos científicos e culturais. Tais percursos definidos em trabalhos realizados pelos alunos da Escola Básica Integrada e Secundária das Lajes do Pico são Itinerário 405 e Passos

«Bens públicos»

Tal como anunciámos, eis alguns dos textos que nos parecem mais importantes do último Boletim Municipal das Lajes do Pico. Para já, as "primeiras palavras" de Sara Santos:



SEMANA DOS BALEEIROS
A Semana dos Baleeiros é um acontecimento da maior importância na nossa vida social e cultural e ultrapassa mesmo as fronteiras do Concelho e da Ilha, adquirindo relevo em termos regionais. Neste Boletim, abordo, no texto que antecede o portfolio que lhe dedicamos, algumas questões que gostaria que contribuíssem para as reflexões dos munícipes. É preciso começar já a pensar na edição de 2007 e os contributos de todos serão bem-vindos.

COOPERAÇÃO INSTITUCIONAL
O Governo Regional realizou de 13 a 15 de Setembro a sua Visita Estatutária anual à Ilha do Pico. O Executivo da Câmara aprovou por unanimidade apresentar ao Governo um conjunto de questões e de pedidos de informação sobre diversos assuntos de primeira importância para o Concelho:
À Secretaria Regional do Ambiente e do Mar:
1. Plano de Ordenamento da Orla Costeira da Ilha do Pico
2. Ponto de situação do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos da Região Autónoma dos Açores (SIGRA)
3. Reforço do molhe do Porto de Santa Cruz das Ribeiras
4. Alteração da rampa de varagem das embarcações de pesca no Porto do Calhau, freguesia da Piedade
5. Obra da Ribeira do Fundo, na Freguesia da Ribeirinha
6. Protecção da Orla Marítima das Lajes do Pico
À Secretaria Regional de Habitação e Equipamentos:
1. Arranjos das bermas nas Estradas Regionais:
1.1 Melhoramento dos muros de suporte;
1.2 – Tratamento de bermas de segurança e construção de muros
1.3 – Construção de pista para peões e bicicletas no Mistério da Silveira
1.4 – Arranjo das bermas no Ramal da Calheta de Nesquim
2. Arranjos urbanísticos do Largo da Araucária e do Largo da Rua do Porto na Companhia de Baixo, na freguesia de São João e do Largo da Cruz, na freguesia da Calheta de Nesquim
3. Arranjo do entroncamento entre a Estrada Regional e a Rua de São Francisco, nas Lajes
4. Ponto de situação da pavimentação da Estrada Regional 2.2 (Transversal)
5. Sinalização rodoviária e turística do Concelho
6. Ampliação do Quartel de Bombeiros das Lajes
7. Criação de uma Delegação dos Bombeiros Voluntários das Lajes, na freguesia da Piedade
À Direcção Regional da Cultura:
1. Apoio à construção da sede da Filarmónica União Musical da Piedade
2. Ampliação do Museu dos Baleeiros
3. Casas dos Botes Baleeiros das Lajes
À Direcção Regional da Solidariedade e Segurança Social:
1. Serviços da Segurança Social das Lajes – Casa da Maricas Tomé
2. Serviços da Segurança Social na freguesia da Piedade
À Direcção Regional de Organização e Administração Pública:
1. Resposta às candidaturas apresentadas pelo Município para a construção e reabilitação de novas sedes das Juntas de Freguesia da Ribeirinha, Piedade e Calheta de Nesquim
2. Instalação da Loja do Cidadão, na Freguesia da Piedade
À Direcção Regional de Estudos e Planeamento:
1. Recebimento da comparticipação comunitária dos projectos aprovados no PRODESA, no sistema de adiantamento
À Secretaria Regional de Agricultura e Florestas:
1. Reabilitação do edifício do antigo matadouro e sua futura utilização para fins turísticos
2. Abastecimento de água à lavoura, nas freguesias de Lajes e Piedade
À Secretaria Regional da Educação e Ciência:
1. Escola Básica e Integrada/Secundária das Lajes do Pico
2. Não encerramento das escolas do ensino básico das freguesias de Ribeirinha e Calheta
3. Apoio ao Centro de Artes e Ciências do Mar, inserido na reconstrução do edifício da Fábrica da Baleia das Lajes do Pico
À Secretaria Regional da Economia:
1. Explicação do valor atribuído à equipa feminina de voleibol do Clube Desportivo Ribeirense, em contrapartida da publicidade, de € 36.000, quando todas às equipas masculinas das diversas modalidades, incluindo o voleibol, que se encontram exactamente na mesma situação (1ª Divisão Nacional), é atribuído valor superior a € 155.000
2. Porto de Recreio das Lajes
3. Apoio aos projectos municipais inseridos no programa PITER

Durante a Visita do Governo, além de contactos informais, entreguei um Memorando ao senhor Secretário da Educação e Ciência. Outras reuniões de trabalho se seguirão, pelo menos essa é a minha vontade. A minha acção pessoal e a do Executivo continuarão, assim, a pautar-se no sentido de aprofundar entre o Município e o Governo Regional uma relação profícua e activa, para a concretização de projectos fundamentais para o desenvolvimento local, alguns deles de importância regional.

OBRAS CONCRETIZADAS
Mais dois equipamentos por nós decididos e planeados foram terminados e estão em funcionamento. Como temos afirmado, e é um dos nossos “pontos de honra”, nada idealizamos que não tenha possibilidade de se concretizar e que seja imediatamente colocado ao serviço da população e de quem nos visita: desde o dia 23 de Agosto, a nova Piscina Municipal de Santa Cruz das Ribeiras está em funcionamento e já usufruíram dela largas centenas de munícipes; desde o dia 26 de Agosto, está a funcionar o Posto de Turismo e Zona de Lazer do Forte de Santa Catarina, com uma Loja de informação turística e de venda de livros (com um interesse especial para a época natalícia que se avizinha). Fortemente elogiado por todos, o Forte recebe diariamente a visita de dezenas de turistas portugueses e estrangeiros e de habitantes de toda a ilha.

GESTÃO EFICIENTE
O Executivo da Câmara aprovou por unanimidade e a Assembleia Municipal por maioria, a constituição e os respectivos Estatutos de uma Empresa Municipal vocacionada para a “criação, implementação, desenvolvimento, instalação, gestão, participação e conservação de equipamentos turísticos, desportivos, recreativos, culturais, ambientais e habitacionais de âmbito local no Município das Lajes do Pico.” Desta forma, damos um passo importante e decisivo para o desenvolvimento do Concelho, gerindo de forma mais proveitosa e racional os bens comuns e criando capacidade acrescida de investimento público e privado.

MELHOR QUALIDADE DE VIDA
O Plano de Pormenor da Vila vai entrar na sua última fase prevista. Dentro de poucos meses, os munícipes poderão apreciar as propostas e pronunciarem-se sobre elas. Depois disso, teremos mais um importante meio de racionalizar o uso do espaço público e, assim, capacitá-lo melhor para o aumento da qualidade de vida de todos, em diversos níveis. Um deles prende-se com o reforço da comunidade social e com os edifícios que lhe dão corpo. Um exemplo é o da necessidade de manutenção das escolas junto das famílias, das instituições, do comércio e dos espaços de cultura e de lazer. Nesta linha de pensamento, a Comissão de Acompanhamento do Plano de Pormenor, que integra oficialmente representantes governamentais da Presidência, Turismo, Ambiente e Cultura, reunida na Vila, no dia 28 de Agosto, foi peremptória e unânime em considerar de todo o interesse a manutenção da Escola EB2,3 no tecido urbano da Vila das Lajes. Para já, creio que estaremos todos de acordo num ponto: a Escola, como instituição, funciona de forma excelente, mas precisa de ter um edifício novo com mais condições. A diferença de opiniões pode estar noutro ponto: tirá-la da Vila ou construir de forma progressiva uma nova no mesmo lugar. A Equipa do Plano de Pormenor, a Câmara e a Comissão de Acompanhamento do Plano estão de acordo em que é desejável e possível manter a Escola na Vila, substituindo a pouco e pouco a que já existe através de demolição e nova construção por fases. Neste Boletim, apresentamos a respectiva proposta técnica para esta solução. Esperamos que sirva para um debate objectivo e sereno, como a importância do assunto de todos exige.
Sara Santos
Presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico

A culpa morreu solteira

Queda da ponte de Entre-os-Rios
Absolvidos os seis arguidos


A decisão do Colectivo de Juízes do Tribunal de Entre-os-Rios frustrou as expectativas das famílias, Estado e Segurança Social, que reclamavam uma indemnização de 12,117 milhões de euros.



O Tribunal de Castelo de Paiva absolveu hoje os seis engenheiros acusados pelo Ministério Público de não terem feito o que estaria o seu alcance para
evitar o colapso da ponte de Entre-os-Rios.
Ninguém fica assim responsabilizado criminalmente pelo acidente que resultou na morte de 59 pessoas que seguiam num autocarro e em três automóveis.
A sentença do Colectivo de Juízes, presidido por Teresa Silva, concluiu que "os arguidos não praticaram os crimes de que vinham sendo acusados, impondo-se a sua absolvição".
O tribunal entendeu que não existiu a alegada violação das regras técnicas, imputada pelo Ministério Público aos seis arguidos.
A decisão deita assim por terra as pretensões das famílias, do Estado e da Segurança Social, que reclamavam aos arguidos uma indemnização total de 12,117 milhões de euros.
Os seis técnicos eram acusados de não terem feito o que estaria ao seu alcance para evitar o colapso da ponte, o que podia implicar penas de prisão, por negligência, até seis anos, agravadas em um terço pela morte de 59 pessoas.
São eles Barreiros Cardoso, 66 anos, engenheiro-fiscal de pontes na ex-JAE desde 1972; Soares Ribeiro, 82 anos, que liderava a conservação de pontes da mesma entidade desde 1981; Manuel Rosa Ferreira, 57 anos, engenheiro-fiscal; Baptista dos Santos, 59 anos, engenheiro-chefe na Divisão de Pontes; Morais Guerreiro, 77 anos e Mota Freitas, 68, dois projectistas que estudavam o alargamento ou substituição da ponte.
No acórdão de 551 páginas afirma-se que a Justiça só “podia pronunciar-se face à prova produzida em tribunal”, conjugando o que disseram peritos e testemunhas com a análise de documentos.
De resto, os juízes deram como certo que “não se fez prova de que o pilar P4”, que ao ruir desencadeou o colapso da ponte, “não estava em segurança”. Também ficou por provar que a protecção da base do P4, com pedra, garantia a sua segurança face às sucessivas e anormais cheias de 2000 e 2001 no rio Douro.
[foto de João Abreu Miranda/texto de Agência LUSA]

segunda-feira, outubro 23, 2006

REVIVER O PASSADO, SENTIR O PRESENTE, OLHAR O FUTURO!

No jornal Ilha Maior de 13 de Outubro, página 6, na rubrica “Uma questão semanal”, o senhor José Manuel Moniz intitula o seu artigo de opinião «REVIVER O PASSADO, SENTIR O PRESENTE, OLHAR O FUTURO!»
Transcrevemos, com a devida vénia a autor e jornal:

«Como habitualmente tento estar nas Lajes do Pico, onde guardo momentos marcantes da minha juventude, durante a Festa de Lourdes e este ano não foi excepção.
Sempre que lá estou faço um “download” em que recordo onde vivi, como vivi, estou com os amigos que ainda estão e tento, em espírito, estar com os que connosco já não estão. É a minha “história” que sinto prazer em revivê-la num espaço mais requintado que agora encontro!
Só experimenta esta agradável sensação quem não renega o seu passado e continua a sentir-se portador de um respeito e gratidão pela vida que viveu e por continuar a ser cidadão do mundo.
Se, comigo, acontece em relação às Lajes, donde parti fisicamente há mais de 30 anos, o mesmo acontece com os meus filhos, nora e neta em relação à Madalena! É bom sinal porque nunca nos “divorciamos” daquilo que gostamos!
Mas a razão deste meu testemunho prende-se com o conteúdo da recuperação que se está a viver na “avoenga” Vila das Lajes. Os meus parabéns caros cidadãos e amigos pela forma como se tem recuperado o núcleo principal da Vila! Há modernidade e há uma preocupação latente em respeitar a traça arquitectónica da Vila. Restaurar não é sinónimo de voltar ao passado mas sim realçar a sua história com pleno respeito pelos seus valores patrimoniais e humanos. O enquadramento urbanístico está perfeito e por isso sentimo-nos bem no todo Lajense!
Pena é que outras Vilas que, não tendo arquitectura tão rica, não saibam ou não queiram trilhar por um plano urbanístico sustentado e que projectem uma “mostra” de construção ao sabor da vaidade individual. A ser assim os nossos vindouros não desejarão, certamente, fazer o que se está a constatar na Lajes.
A prova provada do que acima afirmamos sustenta-se na orientação que se está a aplicar na zona da paisagem protegida da vinha que dá gosto visitar muito embora tenham havido “atentados” urbanísticos que não dignificam quem os autorizou.
O que teremos de oferecer a quem nos visita ou a quem aqui vive é um ambiente limpo e que se identifique na forma e no conteúdo com o que fomos e como desejamos ser.
Não se deverão edificar “adegas” num conjunto arquitectónico fora do contexto da paisagem protegida porque está devidamente demarcada.
Defendemos a modernidade urbanística e não só, mas deverá enquadrar-se num contexto próprio e nunca feita a bel-prazer de qualquer um.
Ter-se-á que dotar os nosso centros urbanos com uma ambiência apelativa e cuja identidade não reflicta nunca uma construção anárquica.
Se todos, mas todos, nos sentirmos responsáveis por um desenvolvimento colectivo amanhã será prestado merecido reconhecimento à nossa geração.
Vamos a isso!»


Nota: aos autores que queiram publicar aqui os seus artigos, podem fazê-lo através do e-mail lajes_do_pico1@sapo.pt
Lembramos que este e outros contributos não reflectem necessariamente a opinião do blogue, sendo os autores, naturalmente, responsáveis pelas opiniões emitidas.

Sondagem (2)

SONDAGEM UNIVERSIDADE CATÓLICA / PÚBLICO / RTP / ANTENA UM (OUTUBRO DE 2006)
(fim)

É a favor ou contra que haja educação sexual nas escolas?
A favor : 81 %
Contra : 16 %
Ns / Nr : 03 %

Acha que deveria ser legal ou ilegal para um médico provocar a morte de um paciente com doença incurável ou dolorosa, desde que o doente assim o solicitasse?
Legal : 65 %
Ilegal : 27 %
Ns / Nr : 09 %

E se o doente estivesse em estado de coma: acha que deveria ser legal ou ilegal para um médico provocar a morte desse doente a solicitação dos familiares?
Legal : 38 %
Ilegal : 47 %
Ns / Nr : 15 %

Acha que a prostituição devia ser uma actividade legal ou ilegal?
Legal : 55 %
Ilegal : 30 %
Ns / Nr : 15 %

Acha que o consumo de marijuana ou haxixe devia ser legal?
Legal : 28 %
Ilegal : 64 %
Ns / Nr : 08 %

Acha que seria bom ou mau que as mulheres pudessem ser ordenadas como sacerdotes na Igreja Católica?
Bom : 58 %
Mau : 22 %
Ns / Nr : 20 %

Acha que a investigação com células estaminais obtidas de embriões humanos devia ser permitida ou proibida?
Permitida : 45 %
Proibida : 27 %
Ns / Nr : 28 %

É a favor ou contra a existência de quotas para as mulheres em lugares políticos elegíveis?
A favor : 48 %
Contra : 30 %
Ns / Nr : 22 %

É a favor ou contra a pena de morte para pessoas condenadas por homicídio?
A favor : 41 %
Contra : 46 %
Ns / Nr : 14 %

Acha que duas pessoas do mesmo sexo devem poder?
Casar : 19 %
Formar uniões com os mesmos direitos legais de um casamento : 10 %
Formar uniões só com alguns direitos legais de um casamento : 07 %
Nenhuma das anteriores : 56 %
Ns / Nr : 08 %

Acha que duas pessoas homossexuais devem poder adoptar crianças?
Sim : 26 %
Não : 67 %
Ns / Nr : 08 %

Sondagem (01)

SONDAGEM UNIVERSIDADE CATÓLICA / PÚBLICO / RTP / ANTENA UM (OUTUBRO DE 2006)

Em geral, qual acha que devia ser o objectivo mais importante para a nossa sociedade hoje em dia?
Promover maior respeito pelos valores sociais e morais tradicionais : 37 %
Encorajar maior tolerância em relação a pessoas com diferentes tradições e estilos de vida : 27 %
Ambos (resposta espontânea) : 24 %
Ns / Nr : 11 %

ORHAN PAMUK
Prémio Nobel da Literatura 2006 (foto: CHRISTINE KOKOT/EPA)
Pamuk nasceu em 1952, na Turquia.
Algumas obras:
A Cidadela Branca
Istanbul - Memories of a City
(Faber & Faber, 2005)
The Silent House
A Vida Nova
My Name Is Red
Snow
The museum of innocence

«A importância do poder autárquico»

Luís Valente de Oliveira (Professor de Engenharia, vice-presidente da Associação Empresarial de Portugal, ex-ministro PSD), escreve no Expresso (21 de Outubro de 2006) sobre o pode autárquico. Transcrição, com a devida vénia:

»Para um país muito centralizado, como era Portugal em 1974, houve um enorme progresso em matéria do poder local. É bom relembrar que, até então, os presidentes das câmaras municipais eram designados pelo ministro do Interior, sendo os titulares escolhidos entre as pessoas afectas ao regime. Até os planos de urbanização eram aprovados centralmente, o que conduzia à situação anómala de não haver praticamente documentos em vigor devidamente aprovados. As obras que se faziam eram decididas centralmente, desempenhando os autarcas funções de representação dos interesses municipais junto dos membros do Governo de quem pretendiam apoio material e patrocínio das suas ideias.
Depois de 1974, o poder local foi sendo construído a pouco e pouco mas de forma muito consistente. Foram generalizadas as práticas democráticas para designação dos órgãos locais correntes na Europa ocidental, tendo o processo de aprendizagem sido rápido. Hoje, os hábitos respectivos estão consolidados. Por outro lado, os resultados práticos são visíveis: as pessoas vivem melhor, os equipamentos multiplicaram-se e o país ficou, seguramente, mais coeso em termos territoriais. Muito se tem, ainda, de andar, porque surgiram desafios novos de natureza económica e social. As autarquias têm de participar mais na consolidação da base económica dos municípios e de assumir um papel mais determinante na preparação dos jovens portugueses, na sua educação e formação.
Todas as autarquias acabaram por conseguir preparar Planos Directores Municipais. É preciso agora partir para a elaboração da segunda geração desses planos, muito mais ligados à prosperidade económica dos concelhos, mais realistas e, também, mais participados.
E o próprio funcionamento dos órgãos de Governo autárquico tem de ser progressivamente melhorado, bem como o do aparelho administrativo em que aqueles se apoiam.
A construção institucional não é uma tarefa que se possa considerar concluída. Está sempre em evolução e em processo de melhoria progressiva.
O país deve muito aos milhares de autarcas que o serviram. Mas tem de forçar a evolução no sentido do robustecimento do papel das instâncias locais. Ora, para que isso aconteça, a ligação entre o que se faz e os meios mobilizados para o fazer tem de ser progressivamente mais directa. Isto quer dizer que o peso dos recursos financeiros municipais tem de ser cada vez mais ligado aos impostos locais decididos e explicados pelas autoridades locais e avaliados pelos destinatários locais. O papel do chamado Fundo de Equilíbrio Financeiro, que é um mecanismo de perequação, tem de se limitar a sê-lo de facto, dando atenção prioritária às autarquias locais que efectivamente sejam tão desprovidas que não se revelem capazes de gerar as receitas que os seus eleitos locais hão-de administrar sob o julgamento próximo dos destinatários, quer dizer dos munícipes.
Não se pode deixar de reconhecer o trabalho excelente da imensa maioria dos autarcas ao longo dos últimos trinta anos. Mas tem de se manter um espírito exigente em relação à evolução do papel das instituições que tem de se processar num quadro de estabilidade mas não de imobilismo. A evolução das práticas tem de ser constante, sendo no campo da cobrança de receitas e na ligação com a sua realização que se deve, hoje, insistir mais.
Não se pode evoluir nem com instituições mal desenhadas nem com procedimentos estáticos. As nossas instituições locais estão razoavelmente desenhadas. Temos de acomodar no quadro existente uma evolução que ajude a melhorar, em permanência, o funcionamento democrático, a responsabilização dos eleitos e a participação dos eleitores.

Boletim Municipal das Lajes do Pico nº 29 (01)


Saiu o nº 29 do Boletim Municipal das Lajes do Pico.
A partir de amanhã publicaremos aqui, com a devida vénia, os textos que nos parecem mais importantes.

domingo, outubro 22, 2006

Palavras de poetas (# 03)

«(...) e ouviu-o Febo Apolo.
Desceu do Olimpo, com o coração agitado de ira.
Nos ombros trazia o arco e a aljava duplamente coberta;
aos ombros do deus irado as setas chocalhavam
à medida que avançava. E chegou como chega a noite.»

Homero, Ilíada (tradução de Frederico Lourenço)

Ler, dizem eles

«Setenta e nove por cento dos britânicos diz que a sua actividade mais importante é ler - mais do que sexo (69%) e, "touché", ver televisão (67%)»

Suzana aMoreira Marques, reportagem sobre as comemorações dos 60 anos da Penguin Classics, in jornal Público/suplemento Mil Folhas, de 20 de Outubro.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Palavras de poetas ( # 02)

Viola d'África

amigo a tua viola é o que resta
das papoilas e das rosas dum país
enches as noites africanas com acordes
de cravos e de cardos e lentamente uma serpente

de saudade
vai-se cercando o corpo
lentamente.

percorres a tua escala de ausência
na melodia em tom menor
com que se escrevem temas de exílio
solidão cansaço.

e o teu canto é um uivo agourento
e branco
atirado à lua
sob este céu que não foi nunca de Janeiro.

Urbano Bettencourt, in Marinheiro com residência fixa

segunda-feira, outubro 16, 2006

Jornais da Ilha do Pico de 12 e 13 de Outubro

Respigos:
Ilha Maior
"Vai ser lançado a concurso dentro em breve a obra de ampliação do Museu dos Baleeiros das Lajes do Pico." (sic). Há uns 4 anos que se fala desta ampliação e é sempre "para breve". Neste período, já a Câmara arranjou o passeio em frente ao Museu, já terminou a obra do Forte de Santa Catarina, já terminou a Piscina de Santa Cruz, a recuperação da Fábrica da Baleia está quase pronta, o Campo de Jogos idem, mais tratamento de águas, mais recolha selectiva de lixos, mais caminhos, zonas balneares, etc. - e nós continuamos à espera da ampliação do Museu. Mas o concurso (afinal...) é para breve, prometem-nos... Assim dormimos mais descansados...

A senhora Secretária do Ambiente e do Mar, Ana Paula Marques, chamou "oportunistas" aos guias de montanha não credenciados; estes, protestaram.

A autópsia à americana Paula Clark, falecida no início deste mês na montanha do Pico, não foi conclusiva. Contud, a PSP inicia agora o inquérito devido.

O navio Albatros trouxe à nossa ilha 400 turistas. Aqui, lamentamos que os operadores turísticos por vezes não se lembrem de trazer os seus clientes às Lajes.

domingo, outubro 15, 2006

Semana dos Baleeiros - o futuro (1)

O nosso vizinho do lado tem tido a árdua tarefa de persistentemente falar e convidar a falar sobre o presente e o futuro da Semana dos Baleeiros.
Daqui deste nosso modesto canto, vamos dando as nossas achegas. Hoje, dois ou três tópicos de conversa.
A apresentação da restauração - as condições da generalidade das "tascas", tanto as das Freguesias como as outras, poderiam melhorar bastante. Questão que se prende também com as condições de higiene. Assunto para a Câmara e para os que tomam a iniciativa das "tascas"?
A matéria-prima - cremos que se pode exigir maior diversidade nos pratos e na forma de os confeccionar (com tanto peixe que temos, fresco e do bom, não é compreensível a exiguidade da ofertas nas ementas). Um caldo de peixe... uma caldeirada de congro, uma moreia frita... peixes grelhados diariamente... etc etc (água na boca...)

Os botes baleeiros - muita gente que visita a Vila (mesmo antes e depois da Semana) pergunta-se porque não se pode alugar um bote baleeiro, com pessoal qualificado como o nosso, para umas pequenas viagens junto à costa; em todas as Vilas e Cidades marítimas é negócio aprazível e... rentável! Assunto para o Clube Náutico? Para empresários empreendedores? Para o Museu?

sexta-feira, outubro 13, 2006

«Das palavras bonitas passou-se aos actos»

Do jornal O Dever de ontem, mais uma crónica do nosso vizinho José Augusto Soares, desta vez sobre a recuperação do Forte de Santa Catarina, obra da responsabilidade da Câmara das Lajes do Pico.
Então, com a devida vénia a autor e jornal, aqui vai o
MUITO BEM!
«Há mais de um ano escrevi neste jornal uma crónica bastante “ácida” relativa ao estado de ruína em que estava ao Forte de Santa Catarina. E confesso que a degradação evidenciada era tal, que mesmo os muito crédulos julgariam possível outro destino que não fosse o da derrocada.
Por uma questão de coerência, devo dar igual destaque ao que me foi dado presenciar este ano, quando visitei o mesmo local. Que nem parecia o mesmo.
Gostei do que vi. Muito.
Não se desvirtuou o espírito ali reinante, a madeira é um material que sempre me agradou, e acima de tudo, o que me parece fundamental é que a restauração está feita, não se deixou desaparecer o monumento.
Pode-se concordar ou não com a solução, mas ninguém poderá escamotear este facto. O Forte foi recuperado, deixou de ser aquele local quase inóspito e de difícil acesso, respeitou-se a História, fez-se o que se impunha fazer. Das palavras bonitas passou-se aos actos, atitude sempre louvável nos tempos que correm, em que muitos edifícios idênticos são votados ao abandono puro e simples, para tristeza de uns quantos e futuro proveito de bem menos. Adiante.

Entre outras, preencheu-se uma lacuna nas Lajes que vinha assinalando desde sempre, que consiste na venda, num mesmo local, de produtos genuinamente picarotos, desde a literatura, música, produtos da gastronomia local, e tudo isto bem exposto, com uma decoração sóbria e por isso bonita, espaçosa e confortável. Julgo que não faltará a procura para estes produtos, justificando-se a promoção daquilo que é nosso, e que no fundo, caracteriza qualquer terra. O seu “património”.
O pátio exterior, em forma de anfiteatro, faculta à Vila, ao Concelho e à própria Ilha, um espaço que, no meu entender, poderá ser palco de inúmeras iniciativas, nomeadamente na Primavera e no Verão.
Com as ameias a rodeá-lo, e a Montanha como que a apadrinhá-lo, não me é muito difícil antever qualquer récita para crianças, actividades extra-escolares diversas, aulas práticas, conjugando-se dessa maneira dois objectivos num só: abrir o Forte à comunidade local, e acima de tudo atrair os mais jovens a uma edificação histórica que não poderá servir só para dar informações aos turistas.

É bom que estes tenham conhecimento da sua existência, e a propósito, talvez falte na estrada indicação disso mesmo quando se entra nas Lajes. Será salutar, que a exemplo do que acontece em qualquer ponto do globo, quem visita a Vila possa saber e encontrar mais do que a vista alcança. Mas não é esse apenas o caminho.
Repito, gostei.
Desde o espaço que foi posto no espaço arborizado à volta do edifício, à sala em que se quis salientar a abóboda de vidro, parece-me que a “obra” foi conseguida.
Parabéns a quem de direito.»

O Dever destaca esta semana – apenas em fotografia – a queda da cobertura do “hiper” das Lajes, em construção, ocorrida a semana passada. Como se sabe, a sua inauguração previa-se para a época natalícia. Fazemos votos para que a obra se reinicie rapidamente, pois a sua existência em muito contribuirá para o desenvolvimento do nosso Concelho.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Participação popular

Hora de jantar, na tasca, vê-se o jogo de futebol entre a Polónia e Portugal. Portugal perde por 2 bolas a 1. Os comentários: "Olha p'ra eles a levarem no __ daqueles polacos!" "Vão jogar p´ró_______!"



Fim do jogo, telejornal da RTP1 a abrir com a notícia de um choque de aeronave com uma torre de 50 andares em Manhattan: vozearia e berros uns por cima dos outros com "palpites" e ninguém a ouvir o "pivot" televisivo, só "palpites" e mais "palpites" mas ninguém a ouvir as notícias. E fica a notícia feita ali mesmo: "Que se _____ os ______ da ___ dos árabes!"

terça-feira, outubro 10, 2006

Exame de consciência

Fim da manhã: dois senhores idosos falavam do Cais do Pico e da Madalena (nem uma palavra sobre as Lajes…). Para estes senhores, nada estava bem. Um até disse que no Cais do Pico peixe fresco só “pela hora da morte, imagine o amigo que, no outro dia, por 435 gramas de abrótea fresca e arranjada, paguei 21 euros: fiz as contas e deu mais de 8 contos o quilo!” Maleita de portugueses (e não só…), este de dizer mal de tudo e de nada, especialmente da terra onde nasceram…
As câmaras municipais – as nossas, de pequena dimensão, não as “glutonas de outros sítios… – não têm capacidade para acorrer a tudo. Para que os concelhos da ilha – a paisagem natural e construída – se desenvolvam como todos desejamos, é imperativo que todos colaborem. Que todos contribuamos com a nossa pequena parte.

O concelho das Lajes do Pico está a desenvolver muito trabalho para conquistar um lugar de relevo no turismo regional – e até um pouco mais longe. Câmara e privados trabalham nesse sentido. Da nossa parte, simples munícipes, impõe-se uma atitude positiva, construtiva. Lembremo-nos disto: quando um de nós vai de visita, de férias ou em trabalho, a um local que não conhece, repara mais no que vê, desde a limpeza das ruas ao acolhimento das pessoas, passando pelos locais de comércio e cultura e lazer. Se a nossa impressão é positiva, passamos essa ideia aos nossos amigos e familiares e, se possível, procuramos lá voltar. Cada um de nós é o melhor propagandeador de um sítio que se visita. Mas, o contrário também é verdadeiro: nada pior para o turismo de qualquer sítio se as impressões que se levam daí são negativas. Dito isto, propomos que todos nós pensemos naquilo que fazemos ou não fazemos em prol de um concelho mais limpo, melhor arrumado, mais acolhedor; o que fazemos ou não fazemos para que o concelho tenha mais oferta de comércio, de produtos turísticos, etc. Propomos esta reflexão. Não precisa de ser “blogada”, basta que cada um de nós a faça em consciência.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Jornais da Ilha do Pico de 5 e 6 de Outubro

Alguns respigos dos jornais da Ilha do Pico (ontem e hoje, respectivamente, 5 e 6 de Outubro):

O Dever: na capa e página 12 dá o devido relevo à inauguração da Casa do Pico (no post abaixo falámos ontem disso mesmo).
O Deputado Regional (PSD) Cláudio Lopes (p. 2) faz um justo relevo à participação da Filarmónica Liberdade Lajense na Festival de Bandas Filarmónicas na cidade da Amadora. A Câmara das Lajes, através do seu sector cultural, fez os contactos necessários à realização deste evento com a Filarmónica Comércio e Indústria da Amadora (SFCIA) e com a Câmara local. Esperemos que para o ano a SFCIA seja devidamente recebida na Vila.
Ermelindo Ávila (p. 3) prossegue a sua “via dolorosa”. Desta vez, em “Solidão Amarga”, fala-nos dos idosos e dos seus problemas, dos Centros de Dia. E refere a obra do projectado novo Lar a construir pela Santa Casa da Misericórdia, na Vila, com o apoio do Governo Regional.
A Página Autárquica (p. 4) anuncia a agenda de actividades Outubro-Novembro, de onde destacamos o cinema de qualidade, a exposição de Cutileiro e as últimas Festas, religiosas ou não, do Verão findo. Nas palavras que dirige quase todas as semanas aos seus munícipes, em boa tradição democrática, a presidente Sara Santos, destaca as relações da Câmara com o Governo, a excelência das obras municipais recém inauguradas e a constituição da empresa municipal, citamos, «vocacionada para a “criação, implementação, desenvolvimento, instalação, gestão, participação e conservação de equipamentos turísticos, desportivos, recreativos, culturais, ambientais e habitacionais de âmbito local no Município das Lajes do Pico.” Desta forma, damos um passo importante e decisivo para o desenvolvimento do Concelho, gerindo de forma mais proveitosa e racional os bens comuns e criando capacidade acrescida de investimento público e privado.».
Jorge Brum (p. 7) tem uma crónica em fragmentos, de que destacamos a sua visão da Vila das Lajes como sendo uma “Mulher”, e realçando aqui as figuras da esposa do director do Museu e a presidente da Câmara. Aqui, destaca o facto de ela se ter “rodeado de equipa consistente e pertinente.” Registamos com agrado a sua ideia de lançar o desafio para a realização de uma iniciativa pública de discussão alargada sobre a Vila das Lajes.
Outros assuntos merecem leitura, obviamente.

O Jornal do Pico destaca igualmente a Casa do Pico, de S. João (1ª página e p. 7). Na vida partidária, destaque para a contestação da maioria PSD na Assembleia Municipal de S. Roque sobre o desinvestimento do Governo neste Concelho.
Carlos Alberto Machado continua as suas “estórias de serão”, desta vez com “Comunidade de escrita” (nº 26) (p. 5). Cláudio Lopes inaugura (p. 6) “Da minha bancada”, na sua qualidade de Deputado do PSD à Assembleia regional. Debruça-se sobre “Duas leis importantes”: a Lei de finanças locais e a Lei de finanças regionais. Sobre a primeira, refere que o “cenário é negro e está a merecer a contestação generalizada das autarquias de todo o país.” Quanto à segunda, diz ao Primeiro Ministro “vá... para a estrada!” Isto porque ele decidiu dar menos 41 milhões de euros à RA Madeira e mais 7 à RA Açores, o que feitas as contas significa um encaixe de 34 milhões de euros para os cofres centrais, o que, segundo Lopes, pode ser bom para os açorianos mas é mau para o país...
Como n’O Dever, não se perde nada em ler estes e outros artigos.

O Ilha Maior destaca a ampliação da Escola Cardeal Costa Nunes (capa e p. 4), a Casa do Pico (p. 2) e na página 3 uma entrevista ao novo Presidente do Vitória Futebol Clube, Manuel Melo – o jornal destaca em grande título: O Vitória encontra-se num descalabro de tesouraria”, segundo Melo.
Um artigo de Manuel Emílio Porto na página 6. Além de umas mensagens encriptadas – o articulista é useiro e vezeiro em comentar citações de terceiros sem que as identifique claramente, destacamos o facto de ele valorizar as obras recentemente realizadasa pela Câmara das Lajes pelos seus bons acabamentos e a actividade desta e do Governo Regional em bem fazer em prol das populações.
Em “Face oculta”, quem escreve sob o pseudónimo “Pedro Damasceno” discorre sobre a importância do turismo no Pico e da importância decisiva das comunidades locais para o seu êxito.
O “homem de mão” do PS, Carlos Leal, que fala sobre tudo sem saber de nada, dá-nos os recados devidos sobre o que o Governo Regional faz, não faz, diz que faz mas não faz, etc. Desta vez, em “Para que a porta não feche” (última página, como sempre) produz dislates sobre a SATA/TAP, aeroportos que são inaugurados sem o serem verdadeiramente, portas que se abrem e que se fecham, correntes de ar e lá o que o pobre homem inventa para salvar faces e ocupar a custo o espaço que (muito generosamente) lhe “dão” neste jornal...
E repetimos: outros assuntos merecem leitura, obviamente!

quarta-feira, outubro 04, 2006

Bons exemplos em S. João

O Alvião (Associação para a Salvaguarda do Património Cultural de S. João) inaugurou a sua Casa do Pico - Núcleo Museológico. Mais uma iniciativa de grande qualidade e de demonstração de vontade de realizar coisas e de amor pela terra. Que nos perdoem, mas não podemos deixar de apontar este exemplo como uma "bofetada sem luva" àqueles que teimam em apenas achincalhar os que trabalham em prol do Concelho das Lajes do Pico e da Ilha - encostados ao nada fazer no lajense, ou no "ritinha", ou na "pesqueira", ou...

A obra teve, como tantas outras, por exemplo, a recuperação da Igreja da mesma Freguesia - o apoio da Junta de S. João e da Câmara das Lajes.

Nota: Para comentar este ou qualquer outro post, basta meia dúzia de cliques para criar um blogue (provisório), evitando assim que tenhamos que estar de vez em quando a apagar obscenidades de energúmenos. Quem não desejar usar o processo do blogue, pode enviar e-mail com o texto, fazendo o favor de indicar se quer que a sua identificação e contacto sejam revelados.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Figuras (#01)

«‘Parece que jogas umas coisas, ó pá. Mostra lá para eu ver.’ Folheei rapidamente o catálogo: toques no joelho, picanços a acertar neste ou naquele degrau das escadas, passes de calcanhar, bola travada, roda sobre o pé esquerdo, fintas aos vasos.»

Memórias de um Craque, de Fernando Assis Pacheco, Assírio & Alvim, organização de Abel Barros Baptista, posfácio de Manuel António Pina, 112 páginas

Assis, o escrítico, anuncia assim em tom sussurrado o nascimento de Assis, o craque. Recuamos à Coimbra dos anos 40 para trinta curtos e intensos episódios da infância de um desportista olímpico, talentoso nas várias modalidades de tiro com fisga, futebol de botões, corrida de guarda-chuva nos carris, lançamento de tijolo, hóquei em patins e a modalidade-rainha da infância, futebol de rua. Recebido o passe, não há por onde hesitar. A metáfora é um arrepio, mas aplica-se como cromo na caderneta. Fernando Assis Pacheco foi, de facto, um craque, mas por ter trazido o catálogo completo do jogador juvenil, sobretudo a finta com a bola travada, para a escrita adulta - toda ela, prosa ou poesia, em livro ou jornal. É óbvia a marca da oralidade nos diálogos, no ritmo sincopado da frase (e da ironia nela contida), no vocabulário oriundo de todas as latitudes e tempos (do inglês traduzido foneticamente ao latim como deve ser). Se tudo levaria a crer na transcrição de boa história, acontece a finta: é a escrita que conduz a mão, livre, libérrima. Assis quer que o acompanhemos na leitura, mas não resiste a arrastar-nos por complexa arquitectura. Gere como ninguém as respirações, os silêncios, os não ditos.

O jogo repete-se, apenas na exacta medida em que é sempre novo no mesmo, para a narrativa e a poesia ou, como Manuel António Pina (mestre na matéria) lembra no posfácio, para a memória e a ficção. Enquanto vão sendo cumpridas as regras que nos prendem ao desenrolar da anedota, explode a finta: um lirismo cru que nos desperta a vertigem. É enorme o valor da palavra, seu peso e som. A imagem do desafio vale ainda para este memorialismo que assenta no concreto, no exacto, mas, finta ainda, se transfigura em construção colorida, restos de mentira que torna as figuras que conta mais verdadeiras que as de verdade. O craque tinha grande jeito a formar equipas, digo, a detectar personagens. E a infância do craque, cheia de nomes de jogadores míticos de tão reais, é de brincar. Entra agora em campo a auto-ironia. O craque olha-se com ternura, mas não condescende.
Claro, também fala de futebol, dentro e fora das quatro linhas, pelo que não ficará mal dizer que estas crónicas foram disputadas no terreno do «Record», em 1972, e são do melhor que por cá se jogou neste campo, «ervado», relvado ou pelado.
(Newsletter da Assírio & Alvim)