«A humanidade acaba nos limites da tribo, do grupo linguístico, por vezes até da aldeia. A tal ponto que um grande numero de populações ditas primitivas se designam a si próprios com um nome que significa os homens (ou às vezes – mais discretamente? – os bons, os excelentes , ou os completos ), implicando assim que as outras tribos, grupos ou aldeias não participam das virtudes – ou mesmo da natureza – humanas, mas são quando muito constituídas por maus, por macacos da terra ou por lêndeas. Chegaram até a privar o estrangeiro deste último grau de realidade fazendo dele um fantasma ou uma aparição. Assim se verificam situações curiosas em que dois interlocutores se dão cruelmente réplica. Nas Grandes Antilhas, alguns anos após a descoberta da América, os espanhóis enviavam comissões para investigar se os índios possuíam ou não uma alma, enquanto que estes últimos afogavam prisioneiros brancos para descobrir, através de uma vigilância prolongada, se os seus cadáveres estavam ou não sujeitos à putrefacção.»
Claude Lévi-Strauss, Raça e História (1952)
quarta-feira, setembro 20, 2006
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1 comentário:
"Uns limitam-se a servir-se das suas ideias como de um jogo intelectual, usam a razão como a roda de uma máquina da qual houvessem tirado a correia de transmissão, submetendo os actos às ideias dos outros, ou seja,aos seus costumes, tradições e leis.
Outros consideram que as suas ideias constituem o principal motor da actividade que desenvolvem e quase sempre obedecem às exigências da sua razão. Só de vez em quando, depois de uma apreciação crítica, seguiam pelas normas dos outros".
Tolstoi
"Ressurreição"
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