quarta-feira, novembro 01, 2006

Escola da Vila (#02)

Localização da Escola Básica Integrada/Secundária das Lajes do Pico


A evolução populacional registada nas Lajes do Pico ao longo do último século, ilustra a queda de centralidade do concelho no âmbito insular, com as consequentes quebras a nível económico e demográfico.
A Vila das Lajes, embora beneficiando do fenómeno de urbanização comum a todo o território a partir dos anos 50 do passado século, não deixa de perder população, quebra esta que se mantém com significado até aos nossos dias.
Segundo o último Recenseamento Geral da População, o núcleo tradicional da Vila das Lajes do Pico, contabilizava em 2001 um total de 490 habitantes.
Tendo em conta a necessidade de vivificação da zona central das Lajes do Pico, que tem vindo progressivamente a perder população em detrimento da envolvente directa da Vila, onde a disponibilidade de espaço proporciona, em alguns casos, condições mais fáceis para instalação quer de habitações quer de serviços e equipamentos, a Câmara Municipal vem e pretende continuar a desenvolver uma política que permita a inversão desta tendência.
Efectivamente a manutenção da centralidade do núcleo tradicional das Lajes do Pico, constitui a única forma de manter o seu carácter urbano, impar no âmbito da Ilha do Pico.
Daí que a Câmara Municipal considere, como um dos objectivos estratégicos do Plano de Pormenor para a Vila, actualmente em elaboração, a necessidade de “Promover a instalação na Vila do principal equipamento colectivo e social do concelho e criar condições para a instalação de comércio e serviços”.
Neste contexto, a manutenção da Escola no interior da Vila constitui um objectivo municipal tido como fundamental para o desenvolvimento e ordenamento concelhios.
A Escola é hoje o segundo empregador do concelho, a seguir à Câmara Municipal, sendo, para além disso, o destino dos mais intensos fluxos diários de população no âmbito concelhio, e só por aí se pode verificar a sua importância enquanto pólo de atracção à escala municipal.
A Escola retira também vantagens da sua integração na malha urbana:
- Proximidade a outros serviços;
- Melhores condições de acessibilidade dada a centralidade da localização;
- Sinergias derivadas da proximidade a outros locais da vivência urbana das Lajes;
- Proximidade ao local de trabalho de pais e encarregados de educação, uma vez que a Vila se mantém como principal pólo empregador do concelho.

No seu Plano Pedagógico (elaborado em 2000) a Escola diagnostica como “um dos principais problemas a falta de motivação da Comunidade Educativa derivada da forma como a Escola está afastada do Mundo”. A estratégia apontada é evidentemente a sua ligação à comunidade e a “priorização dos focos (úteis) motivadores da tradição”. A localização da Escola no núcleo central das Lajes do Pico, é bastante vantajosa neste sentido, uma vez que proporciona uma maior proximidade às actividades económicas desenvolvidas no concelho e aos equipamentos culturais que albergam o repositório das respectivas tradições etnográficas, económicas e culturais.
Defende-se, desta forma, a instalação da Escola na sua localização actual, ou seja, inserida na malha urbana tradicional da Vila das Lajes do Pico, como forma de:
- Dar cumprimento à estratégia e objectivos de desenvolvimento e ordenamento prosseguida pela Câmara Municipal, no sentido de evitar o esvaziamento funcional do centro tradicional da sede de concelho;
- Dar cumprimento à estratégia e objectivos da Escola, no sentido de proporcionar melhores condições para a sua integração na comunidade.

A decisão de instalação do principal equipamento escolar do concelho no exterior do núcleo tradicional da Vila das Lajes do Pico, poderá contribuir decisivamente para a morte funcional da sede de concelho e para uma menor capacidade de integração da Escola no meio.
Esta posição é consubstanciada pela demonstração da exequibilidade da construção de uma nova Escola no mesmo local e sem pôr em causa o funcionamento da actual durante a construção.
A necessidade de reorganizar toda a frente marítima proporcionou o argumento para que o novo edifício perdesse o ar compacto e dissonante em relação à envolvente; assim, optou-se por fragmentar a construção permitindo a criação de espaços / praças públicas e circulações entre os edifícios, adaptando melhor o conjunto à tipologia do sítio.
Com esta solução é possível utilizar o parque de estacionamento a Oeste e a área de construção afecta à “Mobiliadora Lajense” (a adquirir pela Secretaria Regional da Educação) para a construção da 1ª fase.
Logo que esta fase esteja concluída, as novas fases (mais duas) irão progressivamente substituir o edifício existente.
Esta proposta tem obviamente em conta o programa funcional para a nova Escola, deixando no entanto as áreas desportivas para outros espaços existentes na vila de forma a garantir a sua utilização pela comunidade e a plena integração da Escola no meio, situação que à escala da Vila das Lajes, longe de trazer inconvenientes (insegurança, logística), se considera mais adequadas para a revitalização da urbe e para a formação dos jovens.
Maio, 2005
Nuno Ribeiro Lopes, Arq.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não estarei certamente errado se disser que a esmagadora maioria dos alunos da Escola não reside na Vila, mas mesmo assim sempre achei inquestionável a localização no lugar em que está.
Não podia, nem pode,estar em outro qualquer local. E nem tanto por deixar as Lajes sem um dos seus pólos de atracção (seria egoísmo centralista), mas principalmente porque a Vila é Sede de Concelho, e tal facto deve ser consolidado, não sendo o Ensino, também nesse aspecto, factor a menosprezar.
Há,no entanto, um aspecto que julgo importante (há vários, mas este é fulcral): as Lajes têm de criar condições para oferecer empregos aos jovens que acabam os seus estudos secundários, e não querem ou podem continuar.
Esse é o problema, causa de muita desertificação de tudo o que não é grande centro.
Não vejo outra solução que não passe por duas vertentes: maior investimento privado e dinamismo das autoridades no incentivo a esse movimento.
Sei que me estou a afastar do tema deste post. Por isso, guardo para mais tarde outros comentários.