sexta-feira, março 23, 2007

Cultura: Governo intimida



Governo intimida artistas para transferirem espectáculos do Coliseu para o Teatro

A denúncia parte de José Andrade, director-geral do Coliseu Micaelense, que diz que o Executivo tem alimentado uma visão partidária da cultura.

Desde há muito que se assiste a uma certa rivalidade entre o Coliseu Micaelense e o Teatro Micaelense, numa situação que, para alguns, mais não é do que a partidarização da cultura, na ilha de S. Miguel. Apesar de achar que as duas casas de espectáculos devem ser complementares, o director do Coliseu Micaelense afirma em tom crítico que "o Governo tem alimentado esta visão partidária da cultura, uma vez que alguns artistas têm sido intimidados, pelo Executivo, no sentido de transferirem os seus espectáculos do Coliseu para o Teatro".
José Andrade explica que "em matéria de cultura, o Governo Regional tanto tem medidas que são manifestamente louváveis como tem comportamentos que são eticamente reprováveis. No caso dos aspectos positivos, destaco, por exemplo, o mérito da recuperação e reabertura do Teatro Micaelense. Nos caso dos aspectos negativos, não posso, infelizmente, deixar de denunciar, por parte do Governo, um certo proteccionismo face a uma casa de espectáculos, em detrimento de uma outra. Assumo isso a título meramente pessoal, não vincula uma posição oficial do Coliseu. Mas, enquanto cidadão, não posso assistir sem reacção a um comportamento que tem vindo a revelar-se sistematicamente. Incompreensivelmente, alguns membros do Governo - eles próprios - intimidam directamente artistas e produtores açorianos para transitarem os seus espectáculos do Coliseu para o Teatro, sob pena de não receberem apoio público. Isso não me parece correcto e é condenável. A cultura deve estar ao serviço de todos e o Governo Regional tem a obrigação de tratar todos por igual."
As críticas, contudo, não se estendem à administração do Teatro Micaelense, da qual diz não ter qualquer razão de queixa. "A presidente do Teatro, com quem falo com alguma frequência, tem uma postura absolutamente correcta no relacionamento institucional que deve subsistir entre duas grandes casas de espectáculos que partilham o mesmo pequeno mercado. Procuramos, tanto quanto possível, evitar a coincidência de datas e o tipo de eventos que produzimos. Isso significa que o público passou a ter possibilidade de escolha e a concorrência, neste caso saudável, é sempre vantajosa para o consumidor. O público é quem fica a ganhar e é quem determina como as casas de espectáculos devem, de alguma forma, orientar a sua programação."

jornal diário

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