sexta-feira, agosto 18, 2006

"Telhados de vidro"

Na edição de hoje (18 de Agosto) de O Dever, José Augusto Soares, publica uma prosa acertada (Telhados de vidro, página 9) sobre alguns dislates do Ilha Maior. Transcrevemos aqui integralmente o artigo, com a devida vénia:

Telhados de vidro«Na sua edição de 4 de Agosto, publicou o jornal Ilha Maior, sob o título Fotos da Semana (pág. 12), duas fotografias de duas casas nas Lajes (a da Maricas Tomé e outra mesmo ao lado do café Baleeiro), com alguns comentários “piedosos”, sarcásticos e absolutamente dispensáveis.
Acrescente-se que em cima do título do jornal, pode ler-se “Madalena, um concelho em Progresso”, o que se saúda e até aplaude.
Porém, foi pena que o jornal tenha gasto combustível e tempo na deslocação às Lajes para tirar as duas fotografias referidas, porque bem mais perto, diria mesmo “em casa”, têm vários exemplos semelhantes, cuja divulgação contribuiria, certamente, para o progresso mais acelerado do concelho que representam.
Como não fizeram, aqui fica uma pequena amostra, tirada mesmo à entrada da Madalena vindo da Criação Velha, antes da saída para o Valverde, não resistindo a citar, com a devida vénia, uma das legendas que o Ilha Maior entendeu publicar com uma das fotos das Lajes: “A mãe natureza vai acabar por reciclar o espaço! Talvez por isso venha a ser uma atracção turística!” Fim de citação.
Fico satisfeito por, deste modo, ter podido contribuir para o desenvolvimento turístico da Madalena... e aproveito o ensejo para convidar todos os interessados a um passeio pela Rua Padre Tomás de Medeiros, com paragem obrigatória no nº 4, onde através da envidraçada porta se pode desfrutar de um autêntico jardim-botânico, tal a riqueza da flora li em exposição. Outro ponto de alto valor turístico é o nº 15 da rua onde se situa a Agência Teles, tomando-se o devido cuidado para não levar com qualquer parede em ruína em cima da máquina fotográfica. E não para fim da festa uma passagem pelos contentores, vulgo residências, quase colados a um dos hipermercados. Têm bom aspecto, e dignificam quem tanto se preocupa com as desgraças alheias... E ainda dentro da mesma freguesia, na Areia Larga, mesmo junto ao Ancoradouro, é salutar observar as ruínas abandonadas do que foi em tempos um grande solar, restando a consolação de, uma vez mais, a “mãe natureza acabar por reciclar o espaço”...
Poderia continuar na elaboração de uma visita-guiada aos edifícios degradados e abandonados na Madalena, mas fico por aqui.
Não esqueço que boa parte do brilho do jornal desta vila é devido a ilustres lajenses, bastando pensar no Prof. José Azevedo e no Maestro Emílio Porto, que nele colaboram regularmente, aos quais acrescentaria o José Manuel Moniz, meu companheiro de brincadeira nas Lajes da nossa meninice, mas que vive na Madalena há muitos anos.
Sei e respeito as razões que levam os dois primeiros a fazê-lo, mas como já disse aos próprios, lamento.
O Ilha Maior não precisa de fazer chacota gratuita com situações pontuais nas Lajes, devendo antes pugnar pela sua terra e deixar as dos outros em paz, ainda que todas sejam picarotas. Para mais, quando a Madalena também apresenta “telhados de vidro”, os quais, como é sabido, podem ser quebrados por alguma pedra que faça ricochete.
Sendo o jornal propriedade do Círculo de Amigos da Ilha do Pico, dir-se-ia que com amigos destes as Lajes não iriam a lado nenhum.
Não queria ter feito este artigo.
Mas “quem não sente não é filho de boa gente!”»
Já agora, um esclarecimento nosso: a casa referida como mesmo ao lado do Baleeiro (ainda) pertence à Planipico e está sob processo judicial; a Maricas Tomé é propriedade da Direcção Regional da Segurança Social, para instalação dos serviços da segurança social na Vila das Lajes do Pico: a cedência pela Câmara deste edifício a este departamento governamental foi decidida pelo Executivo da Câmara Municipal das Lajes do Pico, em reunião realizada a 19 de Maio de 2005, onde foi deliberado por unanimidade a cedência do imóvel – assunto então tornado público.

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